IZEQUÍDIUS

Ano de 1654, Izequídius era um príncipe muito respeitado, que pouco se preocupava com o poder que herdaria quando viesse subir ao trono. Suas amizades só confirmavam tão boa pessoa que era. Ajudava sempre a todos aqueles que lhe pediam algum auxílio, dificilmente negava tal coisa. E quando era obrigado a negar, ou de alguma forma notava que teria feito algo de errado, indignava-se profundamente consigo mesmo.

Devido ao seu caráter não faltavam mulheres que o desejassem como marido, além de outras que só enxergavam a oportunidade de possivelmente se tornarem rainhas. Mas, Izequídius não se enganava nesse sentido. Ele olhava as mulheres de maneira particular, não contemplando apenas a beleza exterior, mas tentava vê-las bem a fundo, quase que no interior de suas almas.

No mesmo reino havia uma linda mulher chamada Kiterisia, de lindos e longos cabelos loiros, de uma beleza realmente encantadora. Era uma mulher de fibra, determinada, generosa, inteligente, simpática e principalmente de um ótimo coração.

Ela era de uma família muito amiga da Realeza. Não demorou muito para Izequidius se aproximar dela. Eram muito amigos, companheiros, encontravam-se todos os dias. Podia-se dizer que Izequídius dedicava sua vida a ela. Mas, por algo inexplicável eles nunca foram um casal de fato. Não que não fosse do desejo de Izequídius, e Kiterisia parecia saber disso, mas nada fazia para mudar a situação.

Chegava um tempo de várias revoluções e perturbações por vários reinos. Guerras entre os reinos se faziam constantes nessa época. E, isso não privava de ação nem algumas partes da Realeza. Izequídius fora chamado à luta. Já havia lutado em diversas guerras. Mas nessa já não tinha a mesma vontade de sair vivo de antes. Sua vida tinha chegado a um ponto que não tinha muitas esperanças de mudanças. Aquilo que mais desejava na vida não parecia que iria se tornar realidade. Além disso, a guerra era daquelas bem difíceis.

O exército oponente possuía ótimos guerreiros e estavam fortemente equipados. Ele resistiu o quanto pode, defendeu os seus com toda a sua força, mas pereceu. Eis que pouquíssimo antes de morrer, ouvia uma linda mulher chorar quase aos berros. Era Kiterisia que declarava ali tão tardiamente o seu amor. Ainda com a lucidez que lhe restava, Izequídius ouvia aquilo tudo sem muita surpresa, mas com a expressão que parecia dizer que poderia morrer ali naquele momento, pois já tinha realizado tudo o que mais queria em vida. Parecia ter recebido o mais valioso tesouro que existia para ele. E, enfim, se foi.

Frank Santos
Enviado por Frank Santos em 06/04/2007
Reeditado em 06/04/2007
Código do texto: T439749