OBSERVAÇÃO
Nos olhos castanhos escuros pairava uma lágrima teimosa, pronta, pronta para ser derramada naquela face pálida de Sofia. Seus lábios sem cor bem delineados no rosto triste completava o retrato de alguém que sofria.
Eu gostava de observar os movimentos daquela mulher. Seu jeito discreto de realizar os projetos que sempre ficavam nas gavetas, por falta de patrocínio. Ela era uma mulher ligada as causas sociais.
Sempre se sentava em um banquinho que ficava fora de sua casa- especificamente -próximo ao portão de entrada.
Quantas vezes eu passava pela rua da sua casa, via Sofia sentada, olhando de um lado para o outro, som sua serenidade angelical. Acenava e ela retribuía com um sorriso tímido. Naquela noite, não vi mais o banco e , por conseguinte nem Sofia. Reparei na multidão que se aglomerava na sua casa.
Assustei-me. Já tinha me acostumado com a imagem daquela mulher. Entrei.Foi uma visão péssima. Cena que quero esquecer, uma cena já descrita. Ela estava inerte, pronta para ir para a eternidade.