Dúvidas de uma situação perdida

Acabou-se tudo.

O dia estava mais nublado que o comum, o sorriso não estava mais tão empolgado e a única alegria que poderia ter nestas duas últimas semanas era minha filha que iria encontrar em poucos instantes.

Parecia que Deus, simplesmente, me deu a oportunidade de dar uma parada. De focar em outros projetos e deu de presente um sinal de apenas aceitar e entender a vida como um conglomerado de objetivos a serem traçados e vistos como uma forma ordenada de atos que podem, ou não, dar um resultado satisfatório.

Confuso?! Um pouco?! Demais?!

Bem, é neste ponto que quero chegar. Nem tudo que planejei, arquitetei, calculei e até implorei para acontecer, necessariamente, tem que ocorrer. E foi neste “ocorrer” que minha vida começou a se perder e, ao mesmo tempo, se achar.

Vamos fazer uma tentativa simples para todos entenderem o que está acontecendo. Que tal um conto de fadas diário?! Com contos de fadas. Aventuras. Comédias. Confusões. E, principalmente, um universo que busca inconstantemente frustrar e te colocar em situações delicadas conhecidas pela palavra DESTINO.

Antes de continuar, é importante me apresentar: Sou Augusto, pseudo-escritor, pai de uma menina linda a quem devo agradecer todos os dias por tudo que me aconteceu e por ser esta pessoa que, agora, tenta ajudar o próximo nesta tão longa e confusa caminhada chamada VIDA.

Vamos tentar mudar o foco do narrador crítico e tão longe da história para um narrador quase que sentimentalista e vivente da situação.

Após o recebimento da notícia de desligamento, recebi sinceros pesares de pessoas que considero companheiras diárias. Que conhecem e admiram sua caminhada, esforço e fazem de tudo para sempre ajudar. Com um sorriso um pouco perdido, mas ciente da situação, busquei organizar o pouco do material que me pertencia e tentaria, aos poucos, mudar o que sentia diante de tal situação. Munido de algumas frases formadas, disse que estava tudo bem e que isso era apenas mais uma etapa que se encerra para o surgimento de outras várias.

Saindo do escritório, com o céu nublado e chuviscando, observei que esta seria minha última participação naquele escritório e não me sentia triste pela decisão ou pela saída.

Fui para casa aguardar que minha ex-mulher/companheira viesse deixar minha filha. Não sei se naquele momento ela já estava sabendo da situação acerca da demissão e isso nem importava muito.

Ao deixar minha filha, ela veio com um sorriso estampado receber o meu solitário como boas vindas e, em contrapartida, recebi um abraço caloroso e fraterno dela. Parecia que ela sentia da necessidade de uma atenção maior e de um carinho ainda mais intenso que meu coração precisava.

Com a mãe, trocamos apenas algumas palavras que em linhas gerais se resumiam em gripe, água fria, não jantou e dormir cedo e lá se foi, a mãe, rumo a mais um plantão e eu fiquei olhando para minha filha buscando entender como ela conseguia fazer essas coisas e dar tudo e nada ao mesmo tempo e no momento necessário.

Como de costume, segui à risca as solicitações da mãe e, após o retorno do supermercado, banho quente, cafuné e, por fim, uma mamadeira.

Ao meu lado deitou e, antes de dormir, sussurrou e cantou uma música que não fez lembrar nada e, ao mesmo tempo, fez lembrar tudo. Tudo que precisava para poder desejar uma perfeita noite de sono e um beijo de boa noite.

Não existem momentos distintos em nossa vida e, muito menos, situações oriundas do acaso do destino. O que vivemos e pensamos é, apenas, um amontoado distorcido de decisões sem qualquer fundamento racional chamado AMOR. E por ele, me levanto e vou dormir preocupado com tudo que pode, ou não, ser bom para minha família nestes dias.

Augusto Maia
Enviado por Augusto Maia em 08/08/2013
Código do texto: T4425355
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