Amigos leitores, escrevi esse conto, é uma ficção. Mas acredito na força do amor para transformar as pessoas.
Fica aqui a esperança de isso possa acontecer.

Obrigada pela sua atenção e carinho.

Volto na quarta-feira, se o Pai assim o permitir.

Abraços carinhosos
Fiquem com Ele

Boa tarde


PERIGOSAMENTE SEDUTORA

 
A noite já corria célere quando os saltos de Virgínia soaram na calçada.
A turma do Maurício já sabia que ela retornava e prontamente se esconderam.
Ninguém se atrevia cruzar com ela. Primeiro, porque sabiam do seu trabalho no Abrigo de Menores, depois porque misteriosamente, sabiam de sua função clandestina junto à polícia e terceiro porque sabiam que na luta, mesmo de salto alto ninguém a ganhava.
Esconderam-se no beco e esperaram que ela entrasse.
De onde estavam ainda a viram abrir o portão e entrar.
Somente depois que as luzes se apagaram voltaram mais tranquilos para os seus postos.
Não eram maus para os outros, eram viciados em suas drogas prediletas, infelizmente sustentados pelos pais, que não mais sabiam o que fazer.
Suas motos de altas cilindradas estavam paradas do outro lado do beco, numa bela formação pela grandiosidade das máquinas.
O maior perigo de suas vidas eram o vício e a velocidade.
E por incrível que pareça, faziam questão de estar numa rua onde não passava ninguém e lá faziam seus pegas e rachas.
Entre eles não havia rivalidade, a disputa era amigável. Simplesmente eram unidos pelos mesmos gostos.
Como filhos de família de grandes posses não precisavam roubar nada de ninguém, assim queimavam seu próprio dinheiro.
As família raramente sabiam onde estavam seus filhos, mas também não se importavam porque ganhar dinheiro é sua única meta. Grandes empresários só se preocupam com os cofres e suas esposas, com a próxima compra em Paris.
Assim é a vida de Virgínia.
No abrigo dava assistência aos jovens sem posses, que lá apareciam para uma refeição e um banho.
Aos jovens filhos dos ricos ela dava assistência em caso de acidentes, comunicando-se com a polícia e com os hospitais.
Sua atitude fez com que angariasse o respeito deles, e alguns, mesmo embriagados com sua beleza, sequer lançavam um olhar mais insinuante.
MOTOQUEIROS DA GUERRA, esse é o nome da turma de Maurício, conheceram Virgínia numa noite de muito frio em que um deles feriu-se numa queda perto do Abrigo e foram lá para um socorro.
Apesar de não aceitar essa atitude, a mulher também os orienta e atende com carinho.
Faz isso desde que perdeu seu filho e seu marido na mesma noite.
O primeiro, vítima de um acidente de moto e o segundo, no momento em que fazia uma apreensão de drogas.
Seu marido era policial civil e foi buscar seu filho na turma em que fazia parte.
Nem um e nem outro voltaram para casa.
Nessa noite, após chegar em casa, Virgínia lembrava-se do acontecido, apesar de fazer 10 anos.
Maurício conhece essa história, pois sua turma começou seu movimento alguns meses depois.
Apesar do perigo, não pensa em mudar de vida.
Não trabalha, não estuda, tem dinheiro à vontade.Seus pais nada lhe perguntam. Com que vai se preocupar??? Sua possante moto é tudo o que lhe interessa. Não é viciado, apenas puxa um trago ou outro, mas não se deixa dominar pela droga, apesar de andar com os companheiros.
Quando pensa em Virgínia, tem vontade de mudar de vida, mas tem certeza de que ela nem olharia para ele, pois deve considerá-lo um marginal, como todos os outros que enfrenta todos os dias.
 
O que Maurício não sabe é que Virgínia também pensa nele e muito gostaria que ele largasse essa vida de loucuras.
E nenhum dos dois podem imaginar a reviravolta que vai acontecer em suas vidas.
Sexta-feira, 22 horas, aparece pela primeira vez uma turma diferente perto do Abrigo. Rapazes estranhos, bêbados e drogados, em atitudes suspeitas. Saltaram de seus carros e motos, com som muito alto, chamando a atenção de todos.
Nesse dia, sem saber porque,  Maurício resolveu sair de casa de carro, coisa rara, por preferir sua possante moto.
De onde estava, viu que a chapa ia esquentar, como costumam dizer na turma.
Os sinistros visitantes, além de tudo estavam armados e passaram a “brincar” de dar tiros entre eles mesmos, aos gritos e gargalhadas.
Nesse momento, Virgínia sai do  Abrigo, na intenção de ir para casa.
Por estar meio desligada com o cansaço do dia, assusta-se com aquela inesperada cena. Ao mesmo tempo, um passante também assustado a empurra ao passar, apressado, fugindo os tiros.
A queda é inevitável e Virgínia bate com o rosto no canteiro de cimento diante do portão.
Nisso que a avista, Maurício vem como um louco em seu carro em cima dos loucos rapazes, pensando apenas em salvar Virgínia.
Para o carro junto a calçada e com a porta aberta corre em seu socorro.
Assustados os rapazes procuram seus veículos e fogem em disparada.
Sem pensar em mais nada, antes que junte muita gente ele a pega delicadamente no colo, orando a Deus para que seu ato urgente não piore o caso dela.
Mas Virgínia, mais assustada que ferida, ainda tem tempo de pedir-lhe que ligue para o número na memória do celular.
Mas Maurício diz que sim mas já vai diretamente para clínica para socorrê-la.
Lá chegando, o rapaz onde é conhecido, pois o tio é dono da clínica, pede auxílio ao atendente e Virgínia é imediatamente socorrida.
Só depois é que se lembra de fazer a ligação que a moça pediu.
Quando liga, surpreende-se com a voz que atende, dizendo: filha querida, tudo bem?
Rapidamente lembra-se da voz e o rosto do delegado Tavares aparece em seus pensamentos.
Do outro lado Tavares já grita por saber que há algo estranho.
Virgínia, é você filha?
Nervoso, Maurício quase deixa cair o aparelho, mas recupera-se a tempo e responde:
Não seu Tavares, sou eu o Maurício Diniz, estou com Virgí....sendo interrompido de imediato pelo homem que nervoso já gritava, perguntando o que havia feito com sua filha.
Maurício, não sabe como, arranjou voz para interrompê-lo e esclarecer.
Calma, seu Tavares, Virgínia sofreu uma queda, mas já estamos na clínica, porque fui eu quem a socorreu. A Clínica Diniz, do meu tio, mas está tudo bem.
Tavares, mais calmo, respondeu que já estava indo para lá.
Nisso, Gustavo, tio de Maurício, saiu do quarto de Virgínia e disse que ela estava bem, apenas com o rosto machucado pela queda e muito nervosa para vê-lo.
Maurício, penteou os cabelos com os dedos e entrou silenciosamente no quarto.
Quando a moça o viu, abriu um leve sorriso e estendeu-lhe a mão.
O rapaz não se conteve e levou a sua mão aos lábios e em seguida, numa clara ousadia beijou-lhe de leve os lábios.
Foi nessa posição que Tavares os encontrou e franzindo a testa, disse nervoso: O que se passa aqui Virgínia.
Os dois levaram um susto, recompondo-se rapidamente.
Virgínia, embaraçada, sorriu e disse: pai.
Ao ouvir sua voz e ver que não estava tão mal, Tavares, aliviado, mas fazendo-se de durão, tornou a perguntar o que estava acontecendo.
Dessa vez, Maurício, tomou a frente das explicações, relatando o ocorrido.
Tavares o inquiriu duramente, se ele não estava no meio da gang, e Maurício, respondeu que a turma dele não faz esse tipo de arruaça pelas ruas, apenas pegas em lugares livres.
Virgínia, interferiu em seu favor dizendo que se não fosse ele ela poderia ter passado piores pedaços.
Tavares, não muito satisfeito, foi obrigada a dar razão à filha.
Maurício nada mais ouvia, pois somente olhava encantado para Virgínia, pois ela não recusara seu beijo e ali ficou aguardando a saída de Tavares.
O delegado ainda não muito satisfeito, resolveu retirar-se, pois já que Virgínia estava bem, necessitava voltar para o seu plantão.
Maurício, prontamente, disse-lhe que ficaria com Virgínia e lhe comunicaria qualquer novidade que aparecesse.
Tavares beijou a filha e disse-lhe baixinho, olha lá o que você vai fazer!!! E foi embora, somente dando um olhar seco para Maurício e um leve inclinar de cabeça.
O rapaz ficou meio sem graça e o acompanhou até a porta.
Ao voltar viu um lindo e divertido brilho nos olhos de Virgínia, perguntando como enfrentou a fera???
Com um meio sorriso, Maurício disse-lhe que se quisesse ficar só, ele iria embora porque não queria impor sua presença.
A moça estendeu a mão e depois tocou na poltrona ao lado e disse-lhe que sentasse.
Maurício, quero antes de tudo agradecer-lhe o seu pronto atendimento, sem o qual eu poderia estar morta.
Ao dizer essas palavras, ela percebeu que ele estremeceu e enlaçou suas mãos nas dela.
Os olhos umedecidos de lágrimas.
Ele lhe disse que se algo mais grave acontecesse a ela, ele morreria.
Ela sorriu docemente e disse: Maurício,,,
E simplesmente abaixou a cabeça e beijou-a longamente.
Virgínia espalmou a mão em seu peito e o afastou um pouco.
Mas saiba que não esqueci o seu modo de vida e sua turma. Assim é impossível algo entre nós.
Você viu bem a reação de papai.
Maurício, envergonhado, abaixou a cabeça e disse:
Vocês estão sempre certos em tudo que falam e fazem. Não pense que não sei dos meus erros. Mas nunca tive porque ser diferente.
Mas agora, que a vida está me dando essa oportunidade não quero perder jamais.
Vou mudar de vida por mim e por você Virgínia, contanto que você me aceite em sua vida.
Ao ver o sorriso meigo da moça, o rapaz tomou-lhe o rosto entre as mãos e a beijou intensamente.
É o início de nova jornada para os dois.


Regina Madeira
"imagem do Google"




 
 
 
 
Regina Madeira
Enviado por Regina Madeira em 02/09/2013
Reeditado em 02/09/2013
Código do texto: T4463333
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