***
Ainda não tinha o  site no Recanto das Letras quando fiz esse conto. Foi assim:  adquiri um ofurô  em São Paulo e, quando o recebi, fiz este conto , o qual foi enviado à empresa  Willarte. 

Na Floresta do Pássaro Raro


A camponesa Cilin vivia na floresta mais agradável do planeta : A Floresta do Pássaro Raro, assim chamada porque nela habitava uma rara espécie de Pica-Pau. Ele era maior, bem maior que os outros e  fazia  os buracos nas árvores muito grandes e em um espaço diminuto de tempo; por isto, era chamado de Raro pelos outros pássaros.

Cilin nutria seus sentidos com os presentes da Mãe Natureza:  cheirava flores por demais perfumadas... ouvia o canto maravilhoso dos pássaros... via um sol nascer e desaparecer ao cair do dia que ninguém neste mundo jamais viu... sentia o toque revigorante da água ao banhar-se no Lago da Cachoeira... e alimentava-se de frutos suculentos e saborosos...
Era uma vida de deusa.
Do que mais ela gostava?
Dos banhos demorados no final da tarde, quando o Amigo Sol preparava-se para brilhar em outro lugar. Os pássaros reuniam-se, mudos, para vê-la, principalmente o Grande Pica-Pau. Ele a adorava! Achava Cilin a mulher mais bondosa e bonita que já encontrou em seus vôos por aí, por ali e por mais longe...

O tempo ia passando, inexorável e, aos poucos, a idade das pernas impedia a linda camponesa de andar até ao Lago da Cachoeira e deliciar-se com o banho do final das tardes.
Sentada sob uma frondosa árvore, ela olhou para um Cabaceiro e falou:
- Que pena que você não dá frutos bem grandes... assim, eu poderia partir um deles ao meio e fazer uma grande bacia para banhar-me...
O Pássaro Raro, o Pica-Pau, ouviu seu lamento, entristecido. O que fazer para alegrar a camponesa querida?
Nesta noite uma grande tempestade lançou raios sobre a Floresta do Pássaro Raro e  os raios derrubaram uma grande árvore...

O dia amanhecendo com o sol no céu, Grande Pica-Pau, olhando aquele tronco no chão, teve uma idéia fenomenal!...
Alguns dias se passaram e, certa manhã, ele acordou a amada camponesa Cilin com seu toque forte em um tronco ao lado de sua janela.
Cilin saiu para seu pequeno passeio (já não fazia grandes caminhadas como antes...). Grande Pássaro Raro ia na frente, voando, feliz, feliz...
-Até parece que você quer que eu o siga, meu amigo... - ela falou.
E lá iam os dois, até que...- Sonho? Ilusão? O que estou vendo existe??? pensou Cilin ao ver diante dos seus olhos, uma grande tina onde ela cabia inteirinha dentro!
- Ah! meu amigo... você fez isso para mim?!!!
Que grande pássaro você é! Obrigada, muito obrigada! - Ela falava com os olhos marejados.
Daí em diante, o Riacho Transbordante ou a chuva enchiam a tina, o sol  mornava  a água, e os pássaros voltaram a se reunir para verem, silenciosos, a camponesa feliz, banhando-se ali... no presente do amigo Pica-Pau, habitante da Floresta do Pássaro Raro.