Uma Rosa para Berlim

Sem nenhum pavor. Sem nenhum ódio. Apenas a visão do terror, da covardia insana do homem. Que homem é capaz de matar seu próprio irmão?

Homens e mulheres sendo carregados.

Homens e mulheres inválidos e com poucas esperanças.

O céu parece azulado ou é meu delirio.

Uns estampidos e um arrastar de tempo. Tempo esse que se arrasta cruelmente.

Um som. Um zumbido: lembranças vem e vão...

Correndo por uma rua de Berlim, apenas um riso seguido de gargalhadas. Alegria, alegria, alegria. Algumas pessoas são olhadas de rabo de olho. Não sei porque tanta raiva...

- Nina, seu pai te chama.

- Fala para ele que já estou indo Klaus.

- Ele a chama agora.

Aquele rosto, o do klaus, parece que me marcaria pelo resto da vida. Semblante forte, cabelos bem rente e cuidados. No pescoço um fino cordão de ouro com uma estrela de davi bem rustica. Sua roupa era bem cuidada. Jovem ainda mas, ambicioso. Tinha todo um futuro pela frente pois, era ourives nas horas vagas.

Eu usava roupa sóbria de ombros retos estilo militar. Um sobretudo escuro pois, era fim do inverno Europeu e ainda fazia muito frio.

Segui Klaus até a entrada de minha casa, uma mansão de classe média Alemã.

Militares passavam pela rua bem movimentada e sempre olhavam para Klaus pois, ele era judeu e estes estavam sendo perseguidos.

Ao entrarmos meu pai, um capitão de infantaria, grita:

- Não é para você ficar solta por ai.

- Eu não estava....

- Cala a boca! Menina ingrata.

- Ingrata com o quê pai?

- Com a nação , filha- toma um pouco de vinho -Não gostei do apoio que deu a Klaus contra seu pretendente.

- O que tem a ver Rudolf com a patria e com o Klaus, pai?

- Rudolf é da Gestapo e propos a voçê entrar para o grupo Vril e você fez pouco caso e ignora a raça - ou você entra para o grupo dando honra a minha familia ou eu não a reconhecerei mais.

- Manda Rudolf se danar.

- É você que vai se danar, filha - disse uma bela mulhet, minha mãe, entrando com um belo oficial da GESTAPO na sala - Rudolf está aqui para encostar seu pai na parede e tanto ele quanto eu achamos melhor entregar você a força para ele para que a desgraça não caia sobre nossa familia.

Entram meia duzia de soldados escoltando Klaus que estampava terror em seu rosto branco de medo. Olhos esbugalhados e quase apagando.

- O que sera feito com ele, Rudolf?

- Você tem 14 anos e sabe muito bem que ele deve ser banido da Alemanha.

- Ele é humano como nós...

- Ou ele vai ou sua familia será acusada de traição!

- Klaus é amigo da familia.

- Não é mais! - disse meu pai puchando de uma pistola Walther p 38 e apontando para Klaus.

Um estampido e o rosto apavorado de Klaus passa a demonstrar dor. Os soldados o solta esvaindo em sangue. Rudolf vem até eu sacando sua Luger pistole8, pressiona contra a mão direita minha e faz mais 2 disparos contra o peito de Klaus terminando de matá-lo. Eu grito de pavor.

- Você o matou- gritou Rudolf às gargalhadas - você acaba de ajudar a alemanha e eu vou narrar isso ao alto comando.

- Monstros!- grito apavorada e chorando vendo Klaus dar os ultimos suspiros.

- Não há mais nada o que fazer, filha.

- É apenas uma limpeza.

- É monstruosidade...- um tapa desferido por Rudolf me joga no chão e eu grito de desespero. Minha mãe vem em meu socorro e meu pai a derruba com um tapa.

- Não faça isso seu monstro! - Rudolf me chuta nas pernas. Minha mãe grita e meu pai não sabe o que fazer.

- Ela vai comigo ! - grita Rudolf me pegando pelos cabelos- ou eu mato a todos!

- Não!- gritei desesperada - deixe-os em paz e eu vou para onde você quizer.

- Ótimo! - disse Rudolf rindo - você vai para o grupo Vril e sua familia segue tranquila.

- Faça o que ele quer filha e você estará protegida.

- Eu vou mãe.

- Então vamos. E rápido- disse Rudolf me puchando para fora da casa e

praticamente me jogando dentro de uma viatura militar. Minha mãe olha com ar de tristeza e meu pai fica rindo. Eu tenho o pescoço agarrado pelo oficial da GESTAPO e então ele grita a todo pulmão- Puta ! Vadia! Voce vai ter que lutar pela Alemanha e respeitá- la- E me dá 2 fortes tapas- vamos para minha casa pois, ela será minha.

4 viaturas militares seguem rumo ao sul passando por tropas militares e pessoas presas. Eu apenas observo aquela bagunça toda que se inicia.

Uma gargalhada seguida de outras mais e, ouve-se alguns tiros mais. Ao longe se vê idosos sendo carregados e alguns corpos também:

é Gross-Rosen. Gross-Rosen sendo banida para sempre da vida. E

as lembranças me vem e vão enquanto sinto um chute nas costas : Tudo

parece um sonho e, sinto cheiro de corpos podres e mofados. Há cor

pos pelo chão úmido. Entram oficiais com submetralhadoras MP 40 e me

agarram como se eu fosse um saco de lixo.

- Maldita alemãzinha !- e me jogam no chão. Apesar da arma ser alemã, são Russos que acabaram de chegar.

- Leve esta vagabunda e fuzile-a agora mesmo.

Minhas lembranças voam até aquele maldito dia quando fui retirada de casa pelo oficial Rudolf e colocada na viatura.

O medo espalhado pelas ruas e, algumas pessoas sorridentes e outras desconfiadas.

O comboio chega em uma casa retirada da cidade e cercada por soldados da SS. Me conduzem até um quarto fechado e lá Rudolf entra

gritando com seus soldados.

- Saiam daqui ! Saiam ! Saiam !

Todos saem correndo e após, Rudolf fecha a porta e se dirige para minha pessoa e me dá um tapa me derrubando. Minha reação é rápida e me ergo tentando acertá-lo com um tapa mas ele segura minhas mãos.

- Sei que sua família tem amigos judeus e só não vou entregá-los

porque você será minha.

- Não será tão fácil assim não , seu monstro.

- Além do mais...- dá uma gargalhada - Você vai entrar para o grupo VRIL- toca em meus longos cabelos amarelo-trigado

- Vai nos ajudar muito.- Me pucha para junto dele- vou lhe vestir com uma farda para ficar apropriada para a ocasião.

Me empurra para a parede e tenta me beijar. Fujo e o afasto deixando-o com um ar de ódio. Se lança para cima e eu consigo acertá-lo com um soco.

-Socorro ! - Gritou ele enraivecido - A vagabunda está me agredindo!- e tenta me acertar com um soco. Reajo pulando para o lado e o agarro por trás chutando-o nas nádegas.

Entram soldados com pistolas na mão e alguém faz um disparo para o chão e eu fico aterrorizada. Um tapa desferido por um outro oficial me joga no chão. Rudolf pucha de sua pistola luger e encosta o

cano da arma em minha cabeça e grita:

- Vagabunda !- E rasga minha blusa arrancando-a e deixando meu soutian à mostra .

- Pare com isso - Grita o outro oficial - Fica para quando estiverem à sós - Venha que temos que estudar uns planos- E se retira fazendo sinal para os outros soldados saírem.

Rudolf sai de cima de mim e se ajeita se retirando. Me arrumo vestindo minha blusa rasgada e olho para todo o quarto sem mobília.

Todo branco e parece feito para tortura. Estou sofrega e apavorada.

As coisas estão seguindo um rumo estranho e tenho que fazer algo para fugir. Mas não há o que fazer a não ser rezar e aguardar. Ouço o barulho de veículos se retirando e uma discussão bem áspera entre os presentes na sala ao lado. Berros ,berros e uns tiros de pistola. A porta se abre e Rudolf entra.

- Veja o que você fez- E aponta a luger para minha cabeça - Tire

a roupa ou eu a matarei como fiz com os outros na sala pois, me chamaram de frouxo.

Rudolf parece ensandecido, um animal pronto para atacar e matar.

Me ponho em defesa e espero ele se aproximar.

- O que está acontecendo com você Rudolf ?- Pergunto tentando acalmá-lo - Você não era assim.

- Sempre fui assim e...- sorri -Apenas tentava ser mais ameno.

Um soldado entra rápido e Rudolf em um movimento rápido o acerta. Corro até o soldado que se esvai em sangue e vejo que está morrendo. O rosto de Rudolf está transfigurado. Eu me abaixo até o soldado e, sem que Rudolf perceba, toco na luger do soldado e a pucho com estrema violência. Rudolf por ser militar dispara uma, duas, tres vezes e eu pulando feito gata .

- Vadia imunda ! - grita ele.Gritou ele o que foi suas últimas palavras pois, descarreguei a arma no peito dele, que tomba feito um lixo descartado.

- O que está acontecendo aí - Grita alguém da outra sala.

Vou até o corpo já inerte de Rudolf e pego um carregador cheio o substituo pelo da minha arma que está vazio.

- Rudolf está ferido pois, foi atacado pelo outro soldado.

O soldado entra rápido e eu o empurro saindo logo após e fecho a porta. Na sala há 2 soldados que ficam com ar de abestalhados sem entender o que está acontecendo. Disparo contra os 2 que pulam no chão se esquivando dos tiros. Então saio da sala correndo e vou para a cozinha com um soldado comendo algo. Disparo antes que reaja. Acerto-o na barriga e ele geme. Deixo a cozinha e vou para o quintal.

Tiros vindo da casa quase me acertam. Corro para junto das arvores e faço alguns disparos. Então desapareço no mato enquanto soldados se reunem ao lado da casa para entender o que aconteceu.

Ja não sei por onde ando, mas sei que tenho que correr muito e para bem longe.

Ja é tarde e logo vai escurecer. Estou armada e já tenho uma solução: pegar carona a força.

Um carro velho de carga está vindo em minha direção. Faço sinal de carona e ele para. Entro agradecendo.

- Estou indo para o centro comercial de Berlim.

- O que faz uma jovem por estas redondezas? - perguntou o motorista olhando- me.

- Meu pai é oficial e está em operação nas redondezas...- Alguns tiros e o carro freia

fazendo com que eu quase bata com a cabeça no vidro.

- Desçam os dois.- grita um sargento gorducho se aproximando com 4 soldados.

- Não faça nenhum movimento brusco....- lembrou o sargento olhando- me.

- Tudo bem- disse eu descendo devagar. A pistola cai da minha cintura e o sargento salta sobre meu pescoço.

- Sei quem você é e de onde está vindo - me dá um tapa no rosto quase derrubando- me e faz sinal para o motorista sair com o carro dele dali.

- Saia rápido !

- sim senhor !

- Cloloquem ela no veiculo.

Me empurram para dentro do veículo militar e me levam para minha casa, onde minha mãe chorando me espera e, meu pai, me espera com ar de reprovação.

- Minha pequena....- disse minha mãe chorando. E corre para junto de mim, ao mesmo tempo que coloca algo no meu bolso e segura minha mão para não averiguar.

- Não posso fazer nada - Grita meu pai se aproximando - fuja pelos fundos.- sussurra ele nos meus ouvidos - permitiram que você leve sua roupa.

- Seja rapida com isso e...- disse o sargento olhando bem no fundo dos meus olhos.

Parece saber do que se passa pela cabeça dos meus pais - não tente fugir pois, tem homens cercando a casa.

- Não vou colocar a vida de meus.

- Seus pais concordam com nossas decisões- grita o sargento.

Então sou empurrada para o andar de cima por um cabo ladeado por 4 soldados. Me

levam para o quarto e me jogam no chão. Parecem querer algo mais. Um soldado aproveita minha blusa rasgada e rasga o resto. Eu chuto seus orgãos genitais e ele grita. Escuto tiros vindo do andar de baixo e o grito de minha mãe em desespero. 2 soldados saem correndo do quarto e mais tiros. O cabo vem em minha direção e me pega pelos cabelos me erguendo. A pistola está encostada em minha cabeça. Me tira do quarto e me leva para baixo. A visão que tenho é de 5 soldados mortos, o sargento agonizante e meu pai e minha mãe mortos. Os olhos do cabo ficam arregalados e eu grito de pavor, desespero...

- Mãe ! Pai !....

- cala a boca ! - gritou o cabo.

Eu salto encima do corpo de minha mãe e estou em prantos. Depois vou para cima do corpo de meu pai e tento acordá-lo.

- levante, pai....- vou para cima da minha mãe - acorda...

- Levanta , vadia ! - grita o cabo chutando meu corpo.

Reajo com muita violência e saco a arma que estava na mão de meu pai e saio disparando acertadamente.1,2,3,4,5 tiros certeiros e não há mais nenhum soldado vivo na sala. levanto- me rapidamento e pego os carregadores municiados dos militares mortos e me preparo para trocar tiro com os soldados que estão do lado de fora. Atiro

uma vez pela porta. Menos um. Atiro outra vez. Menos outro. Os outros saem correndo e então fico olhando aquele quadro de horror.

O quadro é de horror e olho para minha mãe sem vida e depois para o meu pai que está inerte com um tiro na testa. Choro e vem em minha mente o meu pai brincando comigo e minha mãe superprotetore.

Escuto um barulho de veículo e volto para a realidade. Está chegando gente e corro para o fundo da casa, meu único refúgio. Passo pela porta da cozinha e, ao sair no quintal, vejo vizinhos curiosos olhando que se escondem ao me verem.

Não há tempo para mais nada pois, parece que estão vindo para a cozinha. Então corro para a rus pois, os militares que ali se encontram acham que eu sou uma lesada. Corro para a rua edesapareço da vista deles, indo para uma casa velha de judeus abandonada. Tudo escuro mas, é meu único refugio. Aguardo ali até que saem alguns soldados em disparada pela rua a minha procura.

Tudo está escuro. Meu cansaço é aparente e meus olhos querem fechar.

Barulho de botas, seguidos de tiros. Barulho de avião e minha mente voa: um quarto branco, com uma porta e uma saida. Estou ficando louca ou vejo minha mãe e meu pai me recebendo.

- Desculpe-me filha- disse meu pai parando bem perto.

- Agora tudo está bem, minha menina- disse minha mãe se aproximando e me abraçando junto com meu pai.

Então, parece que minha visão se aclara e vejo tudo e todos, no presente e no passado. Vejo que um capitão da SS entrou na casa de meus pais a minha procura.

O capitão procura por alguém e por mim em todos os cômodos não me achando pois, estou na casa abandonada toda escura e cheia de medo, frio e com sono. Esfrego meus olhos para ficar acordada e então vejo os militares se retirando. Aguardo por cerca de 1 hora e, ao perceber que tudo está em silêncio, me dirijo as espreita e com muito cuidado para minha casa, entrando sem ter nenhum medo pelo fato dos assassinatos ocorridos ali.

A casa está um verdadeiro túmulo e me arrepio com tudo isso. Corro para o meu quarto e pego roupas e jogo em um saco verde oliva. Pego um par de botas de cano alto e um par de botas cano normal. Pego as chaves que estão em meu bolso e leio o que está escrito no papel junto a chave.COFRE.. Então corro para o quarto de meus pais e me arrepio toda. Então crio coragem e abro o cofre e vejo que há dinheiro o suficiente para algum tempo. Pego o dinheiro e coloco no saco. Ouço tiros na rua. Saio correndo do quarto e vou pra a sala. Parando, vejo pela janela pessoas se escondendo na velha casa e soldados cercando tudo. Fico atrás do muro vendo tudo e vejo que os soldados não perceberam a manobra do grupo. Aguardo um pouco e me dirijo para junto deles.

Ao perceberem que foram encontrados, vejo , embora escuro, que ficam apavorados.

- Fiquem tranquilos que também estou em fuga.

- Como em fuga se você é uma schaffer?- perguntou uma moça loira e alta ao lado de um rapaz - Seu pai é quase um Gestapo.

Olho para a moça e a reconheço: parente de Klaus

- Ruth! - disse eu a reconhecendo - mataram Klaus e meus pais

- Como assim, Nina?

- Sempre apoiei o Klaus e isso foi o motivo para desencadeiar isso tudo.

- Como saiu ilesa?

- Matei vários deles e estou sendo procurada por isso.

- O que fará agora ?

- vou fugir com vocês.

- Nós tentaremos chegar na França.

- Será ocupada, toda.

- Então para onde vamos.

- Holanda, talvez.

- Como vamos ? - perguntou um rapaz ao lado dela - Não temos dinheiro para tal viagem.

- Eu tenho- Eu disse mostrando um pacote - isso é o suficiente.

- E você emprestaria ele para as passagens? - perguntou Ruth.

- À partir de agora nós dependeremos um do outro.

Ruth se aproxima e me dá um abraço bem forte.