EXAME DE FEZES

EXAME DE FEZES

Na pior das hipóteses ela diria que estava ali por engano. Pensando bem, como por engano, se foi aquele médico que pediu o exame. Mas ela sabia que não tinha jeito para aquela gordura balofa, principalmente na região do abdômen. Que abdômen? Era barriga mesmo!

Por que a vergonha? Era só ela, o médico e Deus. E médico estudava para quê? Para mexer com bosta. E Deus já estava acostumado com ela: vestida e gorda, pelada e gorda, gorda e gorda...

Espera aí... Quem mexe com merda é besouro; e, aqueles homens lá do laboratório, todos de jaleco branco. Não interessa quem mexe, a bosta era dela e a vergonha também.

Agora que os pensamentos desanuviaram nem sabia por que a vergonha.

O médico pegou o envelope, abriu, retirou duas folhas de papel, olhou uma, olhou a outra... nem piscou. Retirou da gaveta um bloco de papel, rabiscou umas cinco linhas, bateu um carimbo no final da página; e, entregou-lhe aquela coisa ilegível.

Dentro do seu analfabetismo ela tentou ler, como não conseguiu em três tentativas, desistiu.

Levou aquela receita, pelo menos isso ela sabia, pois quando sua mãe ficou doente, o médico passou uma receita ilegível, igualzinha aquela. E daquela vez o farmacêutico vendeu-lhe elixir paregórico; sua mãe tomou e melhorou.

Será se para ela também seria elixir paregórico? Não podia ser o mesmo, pois sua mãe não havia cagado na latinha.

Que vergonha por merda na latinha!

Esse tal exame de fezes... é uma merda!

Voltando ao remédio para remover toda aquela banha... como é mesmo que uma vizinha havia dito: “banha se ganha pela boca, mas não sai em caganeira”.

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 22/10/2013
Código do texto: T4536386
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.