Perdendo a mensagem

Perdendo a mensagem

O homem e a vida, tendo terminado seu relacionamento, seguiram em frente de cabeça erguida, fazendo-se de fortes, mas com uma saudade apertada no peito. O homem era muito ciumento, ignorante e muito cabeça -dura, e tratava a vida de forma desdenhosa, mas no fundo, a amava. A vida, sensível e tradicional, resolveu tentar reatar a relação de uma forma bem romântica: Pegou um envelope, escreveu uma missiva de amor, sem muitas palavras complexas, mas repletas de sentimento. Perfumou o papel com rosas, e enviou para o homem para que ele percebesse naquele papel oloroso, todo o amor que a vida tinha por ele.

A vida enviou-lhe a carta carregada por belos passarinhos, que voaram até o alpendre do rancho no qual morava o homem. O homem recebeu a carta, mas ao invés de agradecer as criaturinhas voadoras, ele disse:” Xô, estão a sujar o meu alpendre que acabei de limpar”, em seguida, abriu a carta e pôs-se a lê-la.

No dia seguinte, a vida foi encontrar-se com o homem, esperançosa, com borboletas no estômago. Queria saber se aquela carta traria de volta o seu amor. “E quanto à carta, o que tens a dizer?”, inquiriu a vida. Então o homem disse: Tu esqueceste o ponto e vírgula, erraste a grafia desta palavra e esqueceste de usar parágrafos”. A vida simplesmente se virou e foi embora.

Rafael Sad