PENSAMENTOS AO VENTO

Emílio sempre ia naquele lugar aos domingos, e sempre prestava muito atenção nas pessoas. Começou a observar um casal de jovens, seu olhar era notado por uma menina linda que aparentava seus dezessete anos. Deveria ela estar pensando que estava sendo paquerada, mas não era bem o que acontecia. Na cabeça de Emílio pensamentos bem diferentes surgiam. Na verdade ele prestava mais atenção ao simples gesto que o rapaz fazia na moça ao acariciá-la o cabelo. Ele então pensava que aqueles exatos pensamentos surgidos ali iriam ficar guardados só para ele. Afinal, eram mais simples sonhos que qualquer outra coisa. Ele se via com medo que seus sonhos fossem revelados, pois geralmente quando isso acontecia, rapidamente notava o quanto aquilo tudo eram nada mais que sonhos. Então, resolveu dar-se o direito de sonhar, mas sabendo bem que aquilo tudo poderia nunca passar de apenas pensamentos, imaginações, esperanças.

Por outro lado, ele notava que se mostrava demais, e ao mesmo tempo reclamava de não conseguir enxergar assim tão fácil o que as pessoas pensavam. Estava ele a ponto de decidir se guardaria mais para ele seus pensamentos, coisa que de certa forma já começava a fazer ou se tentaria fazer com que os outros também se mostrassem um pouco mais. Muito do que ele queria saber era cheio de incertezas, pois por vezes ele pensava que ia descobrir algo e de repente via os outros se fecharem, ou não se abrirem tanto quanto ele. Notava algumas vezes que as outras pessoas queriam que ele se abrisse, mas não sabia ele se seus sonhos iriam ser agradavelmente recebidos. Suspeitava ora que sim, ora que não. Tinha projetos importantes em sua cabeça que acabavam por ficar em segundo plano. Era de sua vontade pô-los em maior grau de urgência, pois estava adiando muito isso.

Isso e muito mais passava por sua cabeça, desejaria que aqueles jovens fossem felizes, pois formavam um belo casal. Ao sair do lugar onde estava, notava que ventava bastante, de modo que ele já começava a se preocupar em se segurar em algo. Pensou com ele mesmo então, que pelo menos seus pensamentos estavam seguros daquela forte ventania. Não desejaria nem um pouco que eles lhe fossem levados, nem muito menos que precisasse correr atrás deles, algo que com certeza faria se fosse preciso.

Frank Santos
Enviado por Frank Santos em 23/04/2007
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