Despedida...( parte 3 )

"No estágio de degradação em que desencarnei, não podia ser diferente, continuei a sofrer, chorar, e lamentar, fiquei enclausurada em um acontecimento que agora já era de uma vida passada. Mas eu ainda não conseguia aceitar, não podia suportar a ideia da perda de mamãe.

Aparentemente, um sentimento de amor, que mascarava a posse e apego extremo e nocivo, que permiti desenvolver, crescer, tomar força em meu ser.

Logo tive consciência de minha condição, entendi que devido a doença que me consumiu, havia morrido, entendia apenas como doença física, nada além disso permitia ouvir, e embora consciente de estar ali, não aceitava em absoluto, o fim de mamãe, e agora o meu, era agonia demais para mim.

Muito tempo depois, várias tentativas de elucidação, esclarecimento sobre todos os acontecimentos, e eu continuava irredutível em meu sentimento de posse e apego e nem percebia, e o desafio maior, ainda viria, através da mão que se estenderia...

Quando finalmente consegui parar e ouvir dentro de mim, algo me tocou uma luz brilhou, o amor entrou, era maravilhoso, mais durou muito pouco, vi alguém se aproximando, trazia consigo luz, a princípio não conseguia enxergar direito, mas logo pude perceber, e não podia acreditar, era ela, mamãe!

Entrei num choro compulsivo, desesperado, e ela ali parada, simplesmente a me olhar! Não demorou muito, e eu comecei a gritar, não vê que estou sofrendo? Por que não vem me abraçar!

Ela permaneceu complacente, iluminada, sua serenidade, muito me incomodava. Queria abraça-la, mais que isso, queria agarra-la, não entendia por que estava tão distante, por que havia mudado tanto, estava muito diferente, será que era mesmo mamãe, éramos tão ligadas ela era tudo pra mim, será que não vê, sempre fiquei do seu lado mesmo sendo uma libertina... Será que sabe que adoeci e cheguei a morrer por causa dela?

E assim nessa vibração de sentimentos, uma confusão total em mim, uma fase longa de meu espírito em minha existência, naquele momento nada poderia ser feito, a cegueira em minha alma, era tudo que permitia.

Aquele ser que em sua ultima vivência, havia sido minha mãe, se comprometendo a zelar por mim, agora desencarnada, era um espírito independente, individual, que seguia seu próprio curso evolutivo.

Assim que desencarnou, foi amparada, aceitou com facilidade a ajuda oferecida, tinha muitos pontos a serem tratados mais estava aberta sem revolta ou recusa, havia um querer de bem, não se importava com os acontecimentos últimos e de toda sua vivência, sempre fez o que quis e não se feriu com isso, não se importou com as regras, a sociedade, e nem com o amante que sentindo- se traído a golpeou subitamente, não havia mágoa nem rancor, ao acordar já em outro plano, sentiu-se perdida, confusa, quis entender o que estava acontecendo, por que estava ali, tinha um ferimento sentia dor, e sua filha?

Eram muitas perguntas, feitas ao mesmo tempo e que só o tempo traria todas as respostas.

O tempo passou, teve todos os cuidados e esclarecimentos necessários, e nova oportunidade de rever seus passados, em outras vidas, e assim seguindo e aceitando as propostas de avanço e aprendizado que lhe eram apresentados, reviu o passado em vida com a filha, surpreendeu-se com, com a natureza de seu sentimento, a posse o apego, a autodestruição, desencadeada com sua partida, reviu outros passados ou outras vidas com aquele mesmo ser que na ultima vivencia havia sido sua filha, pode ver a natureza de suas relações, em tantas vezes que estiveram juntas nos mais diversos tipos de relacionamento, sempre com o mesmo objetivo, e mais uma vez pode ver o definhar, a decisão ainda que temporária de um ser com direito de escolher, que foi descendo, em nome daquilo que por hora denominava amor, e que jamais poderia ser.

Entristecia porem não podia ficar parada, havia muito a fazer, queria prosseguir, e assim foi tomando consciência da realidade de seu espírito, resgatando sua força, sua essência , e naturalmente entendendo que aquela fora apenas mais uma oportunidade de aprender, mais uma passagem de vida que tiveram juntas, mais que cada uma era responsável pelo seu caminho, pelos desafios propostos a cada individuo, por mais ligados que sejam.

Decidiu seguir adiante, crescendo e evoluindo, enchendo-se da força do amor que recebeu e agora, já depois de algum tempo, estava ali, integrada ao universo à sua volta, à espera de uma nova oportunidade um novo desafio, a chance de um novo começo, que se traduz em crescimento, mesmo que seja difícil por um momento, esse proveitoso entendimento."

Continua... Parte 4

Marli Rodrigues
Enviado por Marli Rodrigues em 26/12/2013
Código do texto: T4625782
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