Despedida...( parte 4 )

Minha revolta aumentava, a cada vez que mamãe me visitava, minha dor não a comovia, e isso me transtornava.

E de novo, outra vez, ela ia embora, envolta em sua luz, e me deixava ali sozinha, com minha pesada cruz!

Para mim era muito pesado, era terrível aquela dor, ser desprezada por alguém a quem por tanto tempo desprendi tanto amor.

E sempre vinham aqueles mentores, assim é como eram chamados, tentavam me esclarecer, mas eu não abria espaço.

Fiquei assim por muito tempo, como um doente que recusa os remédios, um doente que não quer deixar de ser doente.

Sem saber dizer quanto tempo já havia passado, lá veio ela de novo a me visitar, e não estava sozinha, tinha alguém que a principio não reconhecia, nem dei tanta importância, até que em dado momento pude ver, era papai! Dei um grito e perguntei, veio me tirar daqui?

Ele permaneceu me olhando, sereno com ternura, em volta dele também havia uma luz, tinha tom azulado, e vinha em minha direção, era até bonito de ver... Mas ele também não me tirou dali, e eu senti muita raiva, e toda beleza se perdia naquele meu sentimento, como podia, mamãe, e agora papai, juntos contra mim, como podiam ir embora e me deixarem ali, com aqueles estranhos, quanta ingratidão, principalmente de mamãe!

E a partir de então sempre vinham juntos, emanavam felicidade, que foi incomodo ainda por longo tempo, até que um dia não vieram mais.

A princípio, nem notei, havia desenvolvido certo tipo de desprezo pelos dois, para mim pouco importava se vinham ou não, parecia ser indiferente.

Mas houve um momento em que percebi a ausência, permaneci em silencio, porem a cada dia que passava, ficava mais e mais intrigada, meu silencio aparente gritava muitos porquês, que em silencio, sem resposta ficava.

Havia ali uma senhora, que desde que cheguei naquele lugar, era responsável pelos cuidados comigo, era quem zelava por mim, um dia por curiosidade, aproveitei um daqueles momentos, em que vinha tentar conversar comigo, como de costume se aproximou, e antes que pudesse dizer alguma coisa fui logo perguntando: Onde estão aqueles dois ingratos, porque não vieram mais?

Com ternura no sorriso me respondeu que não viriam mais, pois já haviam feito ali naquele caso, tudo que foi permitido fazer, e que agora tinham ingressado em uma nova missão.

Senti uma tristeza imediata, incontrolável, e chorava quando perguntei se não os viria mais. Com muito carinho aquela senhora me respondeu, que por um bom tempo não viria, estavam em lugar muito distante dali, iniciaram nova jornada, de trabalho e conhecimento, continuei incomodada, me retive em silencio...

Todos os dias, a senhora retornava, eu perguntava sobre o mesmo assunto, não me interessava saber sobre outra coisa que não fosse papai e mamãe.

Hoje sei aquela senhora era um ser de espírito iluminado, que trabalhava incansavelmente, e com amor não desistia de tentar instruir, esclarecer, e ensinar espíritos rebeldes assim como eu era, e assim dentro daquele único assunto que eu permitia e aceitava falar e ouvir, sentindo que havia naquela brecha uma oportunidade, aproveitou aquele meu interesse disfarçado, para me dar esclarecimentos, sobre a ultima vida que vivi, e sobre outras vidas e vivencias minhas, sempre bem devagar com muito jeitinho, inseriu em nossas conversas, ensinamentos, enquanto me contava e me trazia aos poucos a aceitar minha realidade presente.

Falou o tempo todo de papai e mamãe, que era só o que eu queria saber, mas dentro do contesto desse assunto, introduziu, enriqueceu com inteligência e muito amor os fatos, me falando de passado, presente, e futuro.

Pude saber, sobre outros encontros que em outras vidas havia tido com mamãe, descobri que havíamos vivido varias vezes juntas em diversos tipos de relacionamento, esclarecendo que não era a primeira vez que eu me rebelava, contra ela por sentir me desprezada e abandonada, me esclareceu que o sentimento que eu traduzia como amor, era obsessão, o mais puro sentimento de posse, e que um dos desafios mais importantes propostos em minha ultima encarnação, era superar, transpor, vencer esse estado de sentimento, aprender a liberar, soltar, ninguém é dono de ninguém...

A liberdade é direito de todo ser.

Continua... ( parte 5)

Marli Rodrigues
Enviado por Marli Rodrigues em 26/12/2013
Código do texto: T4625818
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