Náufrago ( parte 1 )
"A onda que vem é imensa, meus olhos saltam de espanto, nunca antes estivera diante de tal sentimento, em segundos, há uma turbulência, não há condição de raciocinar!
Estou submerso, subo e desço várias vezes. Procuro algo em que possa me firmar, não há nada firme, apenas dor e agonia.
Sinto a água a invadir cada pedaço meu, me estoura por dentro, arrebenta tudo aquilo que me mantinha funcionando.
Tudo se apaga, não sei ainda a quanto tempo estou inerte na inconsciência, e de novo, outra vez, tudo se repete, a mesma turbulência, a agonia, e agora parece doer ainda mais, sinto me estilhaçado, dilacerado, novamente tudo se apaga.
Vago em algum lugar privado da consciência, por um tempo que não sei precisar, e volto àquele ponto de dor, tantas vezes, o ponto de minha partida, a partida que não consegui aceitar, era preferível viver aquele momento de horror quantas vezes fosse possível numa tentativa e esperança insana de que conseguiria vencer, sair dali ser salvo com vida por alguém ou alguma coisa.
E assim continuei a reviver o momento da minha morte, por muitas e muitas vezes, certa vez enquanto me debatia em meio àquelas águas pesadas, consegui avistar raios que penetravam a escuridão daquele espaço, brilhavam e chegavam até mim, eu que me debatia procurando algo firme em que apoiar, segurar, para não morrer agarrei aqueles raios com muita força, fiquei surpreso ao descobrir que eram firmes, me sustentavam!
Segurei ainda com mais força, seria salvo! Não mais seria arremessado para o fundo daquelas águas, agora tinha em que me apoiar e pairava sobre a superfície, mas sentia muita dor, fome, sede, estava desesperado, já fazia muito tempo, eu não sei dizer, quanto tempo...
Será que não apareceria ninguém, por ali, um barco, um navio, quem sabe?
Achei algo em que me apoiar mas não vou poder ficar pairando sobre essas águas eternamente, preciso sair daqui ser salvo por alguém.
Sem que me atentasse para minha condição e enganando me concentrei toda a minha força em segurar aquilo que me segurava e diante de mim surgiu algumas pessoas, eram quatro, e me estendiam as mãos.
Diziam que tinham como me tirar dali, aliviar as minhas dores, e sanar a minha fome e a minha sede.
Eu despercebido de minha real condição, estava feliz, tinha finalmente encontrado socorro, e assim acompanhei aquelas pessoas, rapidamente ou mais que isso, foi uma velocidade que não sabia explicar e já estávamos naquele lugar..."
Continua ... ( parte 2 )