A Alice que conheço.

Alice é uma menina que vive procurando alguém que lhe conte uma história que lhe faça imaginar a verdade de um sonho. Ela vive acreditando naquilo que o coração conta... Já até teve dores no coração, de tanto acreditar nele. É uma menina de um raro diamante rosa, e uma mulher de ouro. Mas já confundiu bijuterias com jóias. Normal, não, quem não confunde?

Alice é uma mulher menina de 17 anos. Ela usa roupas de menina, mas se pinta como uma mulher. Ela pensa como mulher, mas sente como se fosse uma menina... Ela sabe exatamente o que quer, mas a criança lhe confunde a cabeça quando se distrai com algum brinquedo no caminho errado. Ela é tão frágil e meiga, que parece uma boneca de porcelana. Dá vontade de cuidar e acarinha, como uma boneca preferida e preciosa.

Alice até pensa em trocar as roupas de menina por roupas de uma mulher, para, assim, se tornar uma verdadeira mulher. Mas, penso eu: será que deve? Assim, talvez, deixaria de ser a Alice que é. Se tornaria uma Alice estranha e pode ser que não agrade quem hoje agrada. Pode ser até, que nem agrade a ela mesma. Poderia se tornar apenas uma Alice qualquer- coisa que ela não é.

Alice é generosa. Outro dia houve uma briga, onde Alice foi apedrejada e obrigada a engolir palavras indesejadas. Sabem o que ela fez, sabem? Sorriu com o coração... Não deixou as lágrimas rolarem, mas estancou o choro enquanto dava a mão para o agressor. Ela deixou de pensar na dor, para amar e acolher o agressor. Achei incrível! Alice intriga até à mim, que sou quem sou, por conhecê-la.

Essa Alice aqui, é quase aquela que Lewis Carroll colocou no país das maravilhas. Acho que a única diferença são as básicas e não as profundas- quer dizer, imagino que não há diferença na profundidade das duas. Acredito que as coisas que vem do fundo, são as mesmas. Até a confusão mental. Bom, essa Alice da qual conto, é uma Alice de Guerra e Paz- a guerra da realidade, e a paz do imaginário. Vive na confusão da bela e a fera- prefere a bela, mas usa essa, para melhorar a fera. É metafórica, eu sei... Me irrita até, às vezes. Ela sabe, então, conto sem medo de irritá-la com minha irritação.

Ah, Alice adora- quer dizer, ama, pois há necessidade- livros e escrever. Alice escreve o que sente para poder compreender- nem sei se compreende, pois é confusa por natureza. Acho que se quiser compreender vai ter que crescer. Só acho, não sei. Talvez já tenha até crescido e não sabe. Ou talvez uma parte dela nunca cresça, para não perder a nobreza de ser o que realmente é.

Ela é tão agradável que encontra amigos por todos os lados- alguns ela nem conhece. Quando se sente só é por necessidade prioritária, interna. Precisa ficar só e sentir o doce amargo da solidão. A solidão lhe faz aprender com o vazio de si mesma. Bom, os amigos à amam e ela os ama. Mas alguns dizem: "acorda, Alice!", sem saber que, se ela acordar irá morrer, pois o que lhe sustenta, é o viver enquanto dorme e o dormir enquanto vive.

Alice já seguiu até coelho brando, quando procurava a felicidade, mas mal imaginava ela, que a felicidade é clandestina e não se mostra à qualquer hora. Ela anda aprendendo que o seguir/caminhar é onde se pode encontrar a magia da felicidade e não no simples chegar... O chegar é só o chegar e nada mais.

Alice está no que se pode chamar de "País das Maravilhas", agora. Ela pensa- anda até com dor de cabeça- e escreve o que pensa. Escreve e pensa que seu pensar é tão concreto que quando misturado com ficção, aparece o contraste de ambos. Mas só aparece quando deixa aparecer, pois sabe fantasiar tanto quanto sente.

Vou parar de contar sobre Alice, pois ela me pediu que parasse, porque precisa dormir e não conseguirá enquanto houver alguém falando dela. Alice vai descansar. Deixou um beijo para mim, que divido com todos que gostarem dessa Alice que vos conto. Alice irá partir para o país da fantasia, da magia, da maravilha do sonhar. Alice irá viver mais um sonho e amanhã poderá respirar... Isso é apenas um pouco da Alice que conheço.

[Bruna Gonçalves- 13/01/2014].