Adolescência conturbada

Tenho 16 anos, meu nome é Luana, agora estou com 45 kg mal distribuídos em 1m75cm, escrevo este conto, pois não sei até quando aguento, infelizmente sou vítima da AIDS.

Era uma pessoa feliz, muito bem criada pelos meus pais, até que um dia pedi a eles para viajar a Blumenau com alguns amigos para participar da Oktoberfest, um festival de cerveja que acontece todos os anos nesta cidade.

Chegamos em Blumenau, ficamos extasiados com a beleza do festival, da cidade, eu era uma menina muito ajuizada e certinha, meus amigos começaram a encher a cara com mil e uma cervejas, e eu ali, na maior disciplina. Inclusive começaram a usar maconha também. Chegaram a me oferecer, mas não estava nem aí para vícios, queria apenas me divertir, aproveitar minha juventude e adolescência.

Mas eles tanto insistiram (me chamaram de frouxa), e mexeram tanto com meus brios que acabei experimentando a famigerada maconha, conhecidíssima em todos os lugares onde existem jovens, infelizmente.

Ficamos doidões, bebemos todas, e voltamos para a casa de um dos nossos amigos a qual ficamos hospedados por lá.

Chegando na casa dele, continuamos a usar maconha direto a noite toda, a madrugada toda ininterruptamente.

O festival terminou, voltamos para o Rio de Janeiro, passaram-se dias e dias, e minha família começou a perceber que meu comportamento havia mudado muito, já não frequentava mais as aulas do ensino fundamental, também não ia mais ao curso de inglês, enfim minha vida tinha se tornado uma decadência total.

E eles descobriram que andava em más companhias, que tinha entrado para o submundo das drogas.

Até que um dia fiquei agressiva com minha mãe porque ela não quis me dar dinheiro para comprar a praga da cocaína. Sim, cocaína, porque a maconha já não supria mais as minhas vontades de jeito nenhum nem a dos meus amigos.

Cheguei a roubar e a vender bens da minha própria casa para poder comprar a branca da boa que só vendia com um carinha chamado Marisco do Morro dos Macacos.

E custava muito usar cocaína, o pó era muito caro, e não tinha poder aquisitivo para manter, então resolvi me prostituir, usar meu próprio corpo para poder conseguir dinheiro para tal uso.

Era uma vida totalmente sem identidade, isso, havia perdido a minha identidade totalmente, me olhava no espelho todos os dias, o arrependimento batia, mas já não conseguia mais me livrar do submundo das drogas.

Cheguei a ser internada algumas vezes, mas sempre dava um jeito de escapar da internação, de fugir para o morro para pegar mais e mais, mas infelizmente, começamos a usar seringas para nos picarmos, pois a branquinha já era muito fraca para nosso organismo não suprindo mais nossas necessidades.

Sei que minha família sofria muito com essa situação, até que no dia 02 de fevereiro de 2005 minha morte foi decretada: fui internada vítima de AIDS depois de fazer alguns exames.

A enfermeira Zélia, que cuidava de Luana entregou este conto a família dela, pois depois que escreveu este, morreu de parada cardíaca em decorrência da AIDS.