Assento pra dois

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Faróis. Corredores de carros. Pessoas vão e vem. Vento na cara. Ponto de vista alternativo. Histórias que nunca irão se tornarão públicas. Amores que nunca serão escritos. Amores que correm de moto.

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Hora do rush. Talvez, engarrafamento na ponte Rio-Niterói. Barcas lotadas. Tempo passando rápido. Como qualquer dia em uma cidade grande. Aquele típico vai e vem. Pessoas. Ônibus. Carros.

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Automóveis de todas as cores, jeitos, formas e tamanhos. O céu com poucas nuvens, ou até mesmo nenhuma. Ah, mas quem observa o céu? Ainda mais às 7 da manhã de uma segunda-feira!

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Acredito que novos pontos de vista são importantes. Acordar de noite, e ir dormir de dia. Observar estrelas, nuvens e borboletas. Viver aproveitando o máximo. Ou seria melhor dizer aproveitando o máximo com o mínimo? O pouco é tão mais compensador do que o muito. O valor do pouco se torna gritante quando não há nada, o muito se torna exagero quando o mesmo é obtido.

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Roubei uma singela história para contar.

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Ao anoitecer continua uma história que começou há alguns anos.

Ela morena, esbelta, inteligente, atraente... Ela é amável, carinhosa, responsável, uma pessoa que todos querem manter por perto. Ah, e ele... Ele charmoso, intelectual, engraçado, bonito. Gosta de boas músicas, de cantar, de encantar, sabe viver. Os dois são observadores. Um sempre fica observando o outro dormir. Sentem carinho ao fazerem isso. Admiração. Reparam os detalhes do companheiro. Acho que chegam até a fazerem parte de alguns desses detalhes.

Nenhum relacionamento é perfeito. As pessoas não são. Ah, esses dois... Tão imperfeitos, que são perfeitos um para o outro. Se encaixam de alguma maneira. Peças de lego. Ele acha que toca. Ela diz que não gosta de cantar. Se combinam até em não combinar. Das brigas eles passam por cima, guardam as marcas pra não cometerem os mesmos erros. Diálogo é a atual palavra-chave. Ciúmes, rola também. Ambos os lados o sentem. Lógico, não da mesma forma... Se um tem ciúmes do presente o outro tem do passado. E tudo neles é assim.

Ela aluna. Ele professor. Ela professora. Ele professor. Se um é de matemática o outro português, a ordem disso pouco importa. Se dão bem. São metades opostas. Se estão juntos é porque deveriam estar, porque o que os une é mais forte que qualquer disparidade. Estão juntos, e gostam de estar. Sabem viver, atualmente, apenas dessa maneira. Juntos! Existem juntos!

A relação de amor e ódio, se transforma. Em amor e mais amor. Acho que nem houve em momento algum ódio, sempre amor e (tanto) amor, mas tanto amor que chegou a parecer o seu oposto. Quiçá, sejam como uma moeda, duas faces, opostas, mas unidas. E tão unidas, que acabam por se tornar uma coisa só. O amor os une. O amor os mantém. E esse amor, está além do que se pode imaginar. Se sente no olhar. Se percebe nos abraços. Se nota só de estar perto.

Derramem, por favor, gotas de orvalho do amor de vocês. Porque ele é como uma flor, que tem seus espinhos para o proteger. O mundo precisa de amores assim. Amores profundos. Amores sinceros. Amores flores. Amores flores que brotam toda primavera e que possuem seus frágeis espinhos. Amores.

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Júlia Farolfi
Enviado por Júlia Farolfi em 08/03/2014
Código do texto: T4720717
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