O QUE É SUBVERSIVO HOJE EM DIA (Parte 1)

Eu assistia uma série de reportagens sobre o período de Governo militar no Brasil, observava as ações de repressão às camadas sociais na época e os motivos pelos quais elas aconteciam, quando me veio à mente uma questão: Se estamos em uma democracia, então não existe qualquer coisa que não se possa fazer ou discutir em grupo. E isso, na minha mente, foi seguido de um "Será que não?".

SEMPRE ALERTA

"O que preocupa não é o que falam de nós, é o que sussurram"

(Errol Flynn)

Vamos relembrar algumas coisas que não se podia fazer ou falar no período de Ditadura Militar. Por exemplo, falar sobre comunismo ou causas sociais como a população nordestina estar a passar fome e a deixar o sertão. Se você fosse ouvido por um policial ou detetive do DOPS, pronto, fim da linha para a sua liberdade. Outra coisa: estar com um livro do Karl Marx nas mãos em plena praça pública: também não podia. Sequer um livro sobre cubismo, aquele movimento artístico, era seguro portar, pois seria interpretado como algo relacionado a Cuba e Fidel, disfarçado de literatura não política.

Por que os militares reprimiam? Eles eram mesmo tão estúpidos que não sabiam que cubismo é uma expressão das artes plásticas? Claro que não. Ao meu ver, os caras tinham os objetivos que eram o de manter a ordem, combater os subversivos e fazer o país crescer. Sei que não é o que falam por aí os Gabeira. Franklin Martins ou Dilma Roussef, mas a verdade é essa. O problema é que eles queriam fazer isso à força. Tinham um jeito amedrontado, covarde e autoritário de fazer a coisa, talvez por não terem experiência para controlar assuntos tão delicados como os que não são de ordem militar como é a segurança nacional, e aí se atrapalhavam todos e cometiam severas injustiças a quem quer que fosse interpretado como um inimigo sutil ou potencial. Ou talvez porque não tinham outro jeito.

Lembrem-se que terroristas treinados por Fidel Castro agiam na sociedade e conseguiam arrancar adeptos, gente até então inofensiva, com bastante facilidade. Eram melhores em tudo os que lutavam para implantar a luta armada e quem sabe o socialismo no Brasil. Este motivo é o que mais aguçava a covardia dos militares, pois era a preocupação maior dos investidores da Ditadura Militar, que eram grupos capitalistas internacionais, que queriam que os brasileiros ficassem ainda mais dependentes de seus zelos, como de fato viemos a nos tornar posteriormente. Porém, em vários momentos os grupos antimilitares com suas ações deixavam dúvidas se era realmente um socialismo consistente e que com o qual todos os brasileiros seriam beneficiados o motivo de tanta baderna e insegurança que causavam. E ainda sofriam o combate psicológico pois o Regime tinha a mídia a seu favor. E também a censura e os Atos Institucionais.

Nisso, textos em jornais, revistas, incluindo os quadrinhos, ou até mesmo livros infantis eram vigiados; programas de rádio e de televisão, o cinema, recebiam a presença de uma autoridade no momento em que iam ao ar e tinham seu enredo conhecido antecipadamente quando possível; letras de músicas que chegavam ao público eram analisadas cuidadosamente; telefones eram grampeados. Aonde a criatividade do brasileiro pudesse encontrar um meio de passar uma mensagem contra o sistema e formar levantes os homens tentavam barrar na raiz para não ter que passar aperto ao corrigir falhas. Lembrem-se: militar perto dos terroristas eram despreparados. E desde aquela época o brasileiro já era bom de dribles no sistema. As frases nas camisetas, por exemplo, como é falado na música "Baby" do Caetano Veloso, era um dos meios de comunicação subversiva que passava batido. Arte bem bolada sempre foi eficiente, concorda?

E olha que essa criatividade toda para cometer uma irregularidade a gente vê que hoje em dia espanta mais. Não acabou isso não. Só os motivos que mudaram: antigamente eram nobres, agora são parcos. Agora usam esse fogo criativo para vender drogas, comprar votos, embolsar dinheiro e por aí vai. Dá para mudar radicalmente este país se não fosse só benefício fútil e próprio a razão dos criativos. Nada de social e de construtivo. E o engraçado é que todos que estão aí deitando e rolando na corrupção, atrasando o país e indignando a população discursavam antes, quer seja em produções artísticas, quer seja em material de imprensa, quer seja na cara e na coragem, a favor de um país melhor. É muito estranho o que estão fazendo. Quem enganou quem ou quem cometia mais injustiça ou quem tinha o motivo melhor para cometer injustiças: os militares? Fica aí a pergunta. E a torcida para que o Governo saiba o que faz e que o que faz seja bom para o Brasil e tem sido feito do jeito que tem sido porque de outra forma, mais transparente e compreensível, não seria possível de se fazer. O que suspeito é isso. Só não dá para ficar tranquilo quanto a ser isso mesmo. Boto minha mão no fogo não!

Mas a discussão aqui é "O que não se pode discutir hoje em dia na democracia que vivemos". Será que a liberdade existe? Particularmente eu acredito que liberdade para falar qualquer coisa existe, só não é verdade que você não sofre consequências com o que fala. Isso não é verdade. Definitivamente não.

Não precisamos mais nos esconder em tabernas e ainda falar bem baixinho para não sermos perseguidos, mas que podemos incomodar a elite governante, aquela mesma que agia ocultamente e financiava os militares, isso podemos. E agora é até pior porque a tática é "dá corda para ele para a gente conhecê-lo bem, saber onde está todo mundo que anda com ele e tomar nossas providências contra o que pretenderem, caso não nos agrade".

É, todo mundo fica à vontade no Facebook, nos celulares, nos e-mails achando que é mentira o que alguns acusam em livros como o "Fortaleza Digital" do Dan Brown, em saites, em conversas de botequim, e se tornam presas fáceis para o Sistema devido ao excesso de exposição descriteriosa. Por isso é bom saber o que não se deve comentar distraidamente por aí. O que não falta é assunto impertinente. E nesta série eu pretendo colocar alguns aqui para quem se interessar tomar certos cuidados. Se te enveredares a acompanhar, vais se surpreender com o tanto que você é vigiado e com o tanto de coisa que você não deve conversar desprevenidamente por aí.

Discuto isso em meu livro "Contos de Verão: A casa da fantasia". Nele há alguns desses assuntos. Pretendo também convencer o leitor da insegurança que há nos sistemas eletrônicos digitais, que as pessoas teimam estarem livres de qualquer interceptação. Vamos parar de "dar bandeira", como se dizia antigamente. Assim como não eram os militares, não são os democratas que governam. Tem uma elite global por trás dos Governos que é quem realmente governa e provoca crises ou acontecimentos sociais de bom sabor. E essa elite tem seus interesses e aquilo que vai de encontro a seus interesses tem que ser eliminado. A causa ou os autores.