Como matar um amor invencível ? #Prólogo
A chuva densa se tornava mais forte gradativamente. Os pingos que deslizavam pela janela, formavam um desenho hipnótico.
Focada na dança que a água fazia no vidro, viajou para outra dimensão, outra realidade.
Alguém segurava suas mãos, dedos quentes e conhecidos, porém não tão íntimos quanto gostaria que fossem. Um toque familiar mesmo não tendo o sentido tantas vezes.
Ergueu os olhos e encontrou o sorriso malicioso e charmoso, o mesmo que a fizera se encantar a tanto tempo atrás. Logo acima enxergava os olhos de mar, claros, sedutores, lindos e misteriosos, no entanto além dos olhos havia o olhar devastador como uma onda gigante.
As mãos a puxavam e ela permitia seu pequeno corpo ser levado, sem pestanejar.
Chegaram enfim a um pequeno playground, o mesmo onde costumavam passar os dias de festas. O refugio, o caminho para o mundo apenas dos dois, onde encontravam o silêncio um do outro. Porém não eram mais as mesmas crianças de antes:
-Percebe? Não importa quanto o tempo passe, sempre arrumamos uma maneira de nos distanciarmos dos outros - disse a pequena - Você não mudou nada, apenas cresceu.
- Você também não mudou, apenas está com o olhar mais sedutor.
Ela sorriu, sentindo as bochechas arderem e ficando rubras. Em um impulso o abraçou, deixou seu corpo ser tomado pela saudade que sentia:
-Sempre imaginei como seria esse dia. - comentou ela baixinho.
- E está sendo como imaginou?
-Não, você nunca segue meus scripts mentais.
Ele gargalhou:
-Realmente, sempre fui péssimo em decorar falas e em ler mentes.
Lá fora o mundo caótico deixado pra trás, fervia na rivalidade sem sentido dos grupos opostos ao que os dois pertenciam:
-Essa briga não é nossa - sussurrou ela, o fitando.
Ele suavemente encosta a testa na dela, e a abraça, sentiu o quanto aquela garotinha ainda era tão pequena perto dele. Ela sentiu seu corpo se tornar leve e flutuar.
- Lembra? Não importa o que aconteça, com quem estejamos, pertencemos um ao outro... - relembrou ela das palavras ditas a algum tempo - ...considerei aquilo como uma promessa.
-E foi mesmo - ele respondeu de imediato erguendo o dedo minimo, ela repetiu o movimento.
Os dois cruzaram seus dedinhos, como uma jura, o laço fora reforçado, o compromisso selado mais uma vez, agora ambos adultos.
Em um solavanco brusco a pequena despertou, de volta ao banco frio e ao dia cinzento lá fora.