A mulher do chaveiro
Ele acorda mais cedo do que de costume, o relógio mal aponta as cinco. Seu corpo está molhado, faz calor. Ele levanta da cama num pulo, vai para a janela onde respira um ar cansado. O galo gagueja o amanhecer, o telefône toca. Ele atende com a língua enrrolada numa saliva espessa, preguiçosa. Anota no jornal da vésperaum endereço e um nome. Empresto-lhe minha bicicleta. Ele parte, pedala forte, atravessa as ruas rumo ao norte. O vento sibila um anelo. Ele chega, apeia da bicicleta, puxa seu molho de segredos acumulados e alimenta a fechadura com cada um deles. Nenhum a sacia. Decide então girar a maçaneta. A porta abre. Ela está do outro lado esperando por ele.
Ela, a mulher do chaveiro, é a única que esconde um segredo que ele jamais descobre.