Era uma vez um reino não tão distante

Era uma vez um reino distante, mas não tão distante assim.
 
Nesse reino imperava o rei Prego. Prego era rápido, astuto, inteligente, de bom caráter e amigo dos animais de boa fé; por essa razão, foi eleito rei de Medro, um grande povoado formado por diferentes espécies de animais e plantas.

Medro era conhecido por sua produção de renda, um raro e precioso tecido de relevos e cores diferentes, usado para enfeitar as casas de seus habitantes. Desde pequenos, os animais eram treinados a produzir renda, e quando adultos teciam-na com perfeição e graciosidade. 

Com o passar do tempo, devido a sua grande riqueza de renda, Medro tornou-se alvo de disputa de diferentes reinos fronteiriços. Preocupado, o rei não poderia permitir que seu império fosse palco de guerras. Pulando de galho em galho, Prego buscou por alianças que o ajudasse a proteger seu reino dos invasores, mas seus amigos eleitores eram bondosos demais para lutar contra os implacáveis guerreiros inimigos.
 
Certo dia, porém, encontrou a Viúva-negra pelo caminho, conhecida por comer todos os animais da floresta que se apaixonavam por ela. Após uma longa conversa a sete chaves com Prego, Viúva-negra concordou em chefiar uma tropa de proteção do reino, contanto que pudesse substituir Prego caso ele morresse ou não pudesse reinar em Medro por alguma razão. Sem escolha, Prego concordou com o acordo, pois seu reino estava indefeso contra ataques.

Para fortalecer sua tropa, Viúva-negra contou com o apoio de atrozes animais, entre eles Branco, rei absoluto dos mares; Polar, grande lutador das montanhas de gelo; e Dundee, o sangue frio das águas salgadas. Porém, a aliança não viria de graça: para obter apoio dos ferozes animais, Viúva-negra prometeu entregar a eles cinquenta por cento da renda de todo o reino e importantes cargos de chefia.

Anos se passaram e Medro permaneceu intacto e seguro: as florestas continuavam ainda mais viçosas, a produção de renda estava a todo vapor e os animais estavam muito satisfeitos com seu rei.
 
Porém, Viúva-negra tinha que cumprir sua promessa: seus aliados começaram a receber metade da renda e assumiram importantes funções no reino. Com isso, a distribuição de renda ficou comprometida – os lares dos integrantes da tropa de proteção transformaram-se em verdadeiras mansões ornamentadas por lindas rendas, enquanto que as pequenas casas dos bondosos animais de Medro eram cada vez mais humildes, o que causou revolta e protestos da população.

Notando tamanha desigualdade e a tristeza de seu povo, Prego pediu satisfação à Viúva-negra, que lhe disse, de forma cruel, toda a verdade. Envergonhado pelo que seu reino havia se tornado, Prego ainda tentou reverter a situação, mas se sentiu pequeno diante do poder de lideres indiferentes à situação dos animais.

Passaram-se mais anos, e a figura imperativa do rei virou apenas uma figura.
 
***

Era uma vez um reino distante, mas não tão distante assim.

 

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Que Vergonha!
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Márcia Jordana
Enviado por Márcia Jordana em 13/07/2014
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