Conto do Tempo

Conto do Tempo

Conto do Tempo

Seu nome era Guilherme, filho adotivo, branco, olhos castanhos e uma leve tendência para o teatro. Gostava de brincar na praia, ia sempre com seus pais que o motivavam a construir castelos na areia, coisa que gostava era construir estátuas e fazer bonecos com macinhas de modelar, aquelas que nós remete ao jardim de infância. Sua curiosidade maior era com astrologia, gostava de estudar as estrelas e cometas, tinha fascínio pelo espaço e seu sonho era ser astronauta. Fazia aula de caratê, isso era pura influência do filme caratê kid, que assistiu quando tinha 3 anos de idade, adorava usar quimono e tomar chá de ervas. Sua mãe o obrigava a estudar pelo menos 3 horas por dia, além das tarefas da escola, isso para que tivesse disciplina nos estudos e dizia ao filho:

- Estude meu filho, você tem que ser o melhor em tudo, deve procurar uma mulher de posses para casar e ter 3 filhos, esse é o meu maior desejo que você seja um homem de bem e trabalhador, sonhos só com os pés no chão.

Na verdade , sua mãe tinha medo que Guilherme se iludisse com a história de ser astronauta, ficava preocupada com o filho quando esse passava horas no telescópio olhando as estrelas e contando as horas para ver cometas. Gostava de gravar fitas cassetes, mesmo que ultrapassadas, tinha discos de vinil em plena era digital, era um garoto diferente em sua classe, pois tinha o hábito de falar em línguas, coisa que aprendera na igreja carismática. Diante do seu sonho em ser astronauta Guilherme sonhava com astrologia, astronomia, ufologia, acreditava em ET e tinha uma mania de consultar o seu mapa astral. Durante meses ficava olhando...olhando... olhando o céu, esperando um cometa especial, queria dar nomes a eles, descobrir novas estelas e lança-las no meio dos estudos bíblicos, apesar de católico carismático, Guilherme gostava de todo o tipo de música, desde o sertanejo até rock pesado, tudo não passava de hobby para ele fora do assunto astronomia. Tinha o hábito de comer frutas, comia oito frutas por dia e se saciava com farinha láctea quando sentia fome. Um belo dia, Guilherme aprofundando os estudos dos astros, se sentiu pequeno diante daquele mundo, viu um cometa se colidir com uma estrela e pensou que era apenas mais um cometa e mais uma estrela no mundo, só que ele presenciou a colisão na solidão de seu quarto e no total silêncio, ninguém poderia ouvir sua alegria, pois só ele presenciou, nem tinha o som nem a imagem para mostrar aos amigos o fato histórico,coisa rara que só ele no mundo presenciou, tinha orgulho do fato, mas não levou a fama, não tinha fama de astronauta e nem podia falar pra imprensa que foi ele que descobriu o cometa, sentiu-se pequeno apesar de grande, sentiu-se sozinho apesar de querido pela família, sentiu-se distante apesar de perto. Olhou ao redor e viu seu animal de estimação um peixe gama que ganhou de sua mãe, seu nome era peixonauta e tinha uma grande nadadeira, se sentiu curioso pelo animalzinho que estava ali sempre presente e ele, Guilherme, ausente.

Maria Renata
Enviado por Maria Renata em 26/08/2014
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