Terça-feira

Quanto tempo se espera por um amor? Pergunta difícil, não é?

Bem, esperar é algo relativo, assim como muitas outras coisas nesse mundo, ou até todas. Creio que alguns podem vir durar 2 meses, outros duram 2 anos. Mas, mesmo depois desse tempo, a jornada continua, é, eu sei, pode ser difícil para alguns, mais fáceis para outros, mas querendo ou não, essa é a vida, é preciso aceita-la.

Lembro-me como se fosse ontem, ou semana passada, quando o meu dia chegou, quando a espera acabou, quando tudo começou a ser como imaginado. Confesso, irei omitir alguns fatos, acrescentar outros, mas não há limites para a imaginação de um escritor.

Deveria ser uma quinta, ou sexta, não, era uma terça feira à noite, tenho certeza disto. Ela (a tal pela qual esperei tanto tempo) tinha algo para me dizer, eu sinceramente não sabia, ou melhor, não suspeitava, mas é claro, minha imaginação fértil criou várias falas otimistas para aquela noite. Eu estava curioso, mal dormi na noite anterior, ela parecia estar bem calma, ao contrário de mim. Conversamos por horas, eu creio, ficamos parados um em frente ao outro, conversávamos sobre qualquer coisa que não fizesse ficar aquele silêncio que normalmente tortura a todos os “casais”, mas ficar falando sobre o mesmo assunto o tempo todo, não era uma boa saída, eu estava quase perguntando se ela gostava de comer arroz, só para variar no assunto. Bem, chega a hora da qual vamos para casa, cada um pra sua, porém, ela não tinha me dito ainda o que queria falar comigo, acho que esqueci por alguns minutos, estava vidrado nos sorrisos dela.

Fomos caminhando, andamos por ruas estreitas e largas, avenidas cheias e vazias, até vi o cachorro que tinha tentado me morder no meio do caminho da ida, acho que a presença dela fez com que ele se esquecesse de mim. Bem, aprendi que não adianta discutir com ela, ela vai estar certa, mesmo estando errada. Eu não aguentava mais a curiosidade e insisti que ela me contasse, mas, a timidez tomou conta do seu ser, e seus sorrisos tímidos, voz baixa ao dizer: Mais a frente eu falo, estou com um pouco de vergonha. Ahhh cara, pode parecer um pouco melancólico, mas aquilo era fofo, talvez é essa a palavra. Finalmente, estávamos chegando perto de sua casa, naquela hora as minhas esperanças a respeito se você iria falar, realmente acabaram, estava muito perto, não iria dar tempo, eu acho. Bem, querida, mas você me surpreendeu, passamos direto da sua rua e continuamos a andar em direção a minha rua, você com seu jeito tímida, sem querer demonstrar timidez, mas, era impossível, parecia que era a primeira vez que você fala tais coisas.

Estava chegando o momento em que iríamos nos despedir, cada um para seu canto, porém, você não me disse, eu já tinha perdido as esperanças, até que você me abraça e diz no meu ouvido: Eu gosto de você. Por alguns segundos fiquei sem ter o que dizer, apenas olhei ela me dar as costas e voltar para sua casa, sem explicação alguma, apenas olhei para ela, eu a via ir embora, eu não poderia deixar ela ir embora e deixar apenas aquelas 4 palavras que mexeram tanto comigo. Gritei seu nome no meio da multidão, você não virava para olhar-me, via que você se distanciava cada vez mais, acelerei o passado, não foi o suficiente, corri, te parei o ombro e disse: Como assim? Vai embora depois de dizer que gosta de mim? Seu lábios e expressões trêmulas, sem agir, tímida, como eu nunca vi. Eu perguntava o que você queria ou sentia, você apenas dizia que não sabia, depois de tantos questionamentos, você me disse: Eu realmente quero ter algo contigo. Estava bem claro o que ela queria e sentia naquele momento, depois de tanto tempo, senti a reciprocidade daquele meu sentimento.

Lembro daquela noite, parecia cena de filme, só faltou chover e os laços de afetos em meio do aguaceiro, mas não choveu, nem muito menos alguns laços afetivos, mas aquele abraço e o beijo na testa me foram o suficiente. É assim que se encerra, ou começa a história de dois loucos, ou melhor, de paciência.

L Miranda
Enviado por L Miranda em 28/09/2014
Reeditado em 28/09/2014
Código do texto: T4979599
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.