Dentro das muralhas

- Selem os portões. Guardas aos seus postos, se preparem para o ataque.

O som de homens correndo e armaduras estava ensurdercedor era inicio da noite, as ordens e os sinos disputavam por atenção, ninguém pensava muito somente o capitão que pensava por todos.

Em pouco tempo estavam todos estavam em seus lugares , aqueles que estavam em cima das muralhas puderam ver o enorme exército a postos logo a frente, seus números superavam os guardas daquela pequena fortaleza em cinco ou seis vezes ao amanhacer estariam todos mortos.

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Nos muros do norte.

- Estamos todos mortos, não temos chance.

- Talvez eles decidam realizar um cerco e talvez conseguiremos fugir.

- Se realizarem um cerco estamos mortos, temos comida para pouco mais de uma semana.

- Meu Deus o que faremos?

- Vamos arranjar um jeito de fugir!

- Se fugirmos seremos covardes

- Se ficarmos seremos mortos...

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Na capela

Um soldado todo armado estava de joelhos apoiado em sua espada, realizava orações em voz baixa.

- Senhor, enviai os seus anjos para nos defender, permita que minha espada proteja os homens que lutarão ao meu lado, meu São Jorge nos conduza a vitória.

Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge, para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem, para que meus inimigos tenham mãos e não me toquem, para que meus inimigos tenham olhos...

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Nas muralhas do leste.

- Em cima das colinas existem duas árvores, elas são tão altas que batem nos pés dos deuses, nos iremos escala-las e lá beberemos do seu vinho e transaremos com as suas mulheres, lutaremos com as espadas e mijaremos nas suas caras.

- Hahahahaha.

Os três homens sentaram nas paredes da fortaleza cada um com um odre de vinho.

- Venham seus bastardos, não me deixem esperando a noite Inteira para mata-los. Assim que pararem de transar com as suas mães, venham para eu enfiar minhas espada nas suas entranhas.

Um dos homens se levantou e mijou sobre a muralha.

- Venham seus bastardos, não me façam esperar para morrer.

- Hahahahaha

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Nas muralhas do sul.

Escutava-se ao longe o som hipnótico da pedra afiando a lâmina, o soldado parecia uma rocha nada daquilo parecia abala-lo.

Seu companheiro de guarda era um garoto pouco mais de 14, aquela situação incomodava o demais, suas entranhas pareciam estqr dançando dentro do seu corpo.

- Como você consegue?

- Consegue o que garoto?

- Ficar tão calmo

O veterano levantou os olhos e por um momento sentiu pena do garoto.

- Já passei por isto antes e mais de uma vez.

- Mas eles são muitos.

- Mas nós temos algo que eles não tem.

- O quê?

- Se eles atravessarem essas muralhas todos estaremos mortos, nossas famílias serão mortas logo depois, as mulheres serão violentadas e as crianças escravizadas, se vencermos seremos heróis, se perdemos a morte será uma alternativa melhor, portanto irei matar o máximo de homens que eu puder para que alguns possam sobreviver, o que nós temos que eles não tem é um motivo para lutar.

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No pátio

- Antigos deuses, as mortes de amanhã serão em vossos nomes, cada flecha que eu atingir será um novo homem para os seus salões, cada vida que eu tirar será em honrar e glória de vossos nomes, que vocês venham em terra e se deliciem com o banquete que irei preparar.

O arqueiro estava sentado em uma rocha ajeitando cada flecha, verificando cada ponta e cada flecha, sua feição era serena aqueles que o viam estranhavam a sua tranquilidade aquilo não era normal, aqueles que o ouviam não entendiam as palavras que ele emitia, pois eram pronuciadas em um dialeto muito antigo, ele pouco se importava seu trabalho precisava ser feito, e quando terminasse o iniciaria de novo até porque seus pensamentos precisavam se afastar do que estava para acontecer.

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No dia seguinte.

- Capitão conseguimos, vencemos.

A feição do capitão permaneceu inabalável nada parecia afetar aquele homem.

- Quantos sobreviveram?

- Poucos meu senhor, 10 estima-se homens senhor.

- Acharam algo de valor na cidade?

- Pouca coisa senhor, eles mal tinham comida.

- Recolha o máximo de recursos que conseguir e partimos em dois dias.

- Sim senhor.

- Quando terminarem queimem tudo e salguem as terras. Nada mais irá crescer nesse lugar.

- Capitão?

- Pois não soldado.

- Posso fazer uma pergunta?

Naquele momento o capitão fechou a cara.

- Por que nós atacamos esta fortaleza, ela não fazia parte dos nossos planos?

- E porque não atacariamos, soldado?

Não se esqueça de sonhar...

Marcelo Rebelo