Morávamos em uma casa que embora estejamos em pleno século XX, era em boa parte feita de pau-a-pique, isto é um monte de paus cruzados cobertos de barro. A casa tinha assoalho que às vezes, minha irmã e eu achávamos algumas moedinhas que por ventura ou descuido, cairá nos vãos das tábuas velhas.
     O quintal tinha por ora, pés de manga “Cocão” jabuticabeira, mamão Havaí e um bambuzal num declive que eu adorava escalar.
     Teve um dia a minha irmã caiu do pé de jabuticabeira, eu me lembro bem, estávamos novembro, época pela qual a fruta negra enche os galhos, neste dia estava chovendo, e as gotas d’águas ainda estavam respigando e lá foi a minha irmã, trepou na árvore, com vários pontos negros, e de repente, não deu outra, estava tudo muito escorregadio, caíra, e quebrou feio, o braço.
     Tínhamos muitos cachorros, exceto os que já habitavam na casa, antes da nossa chegada e claro, que tínhamos muitos cachorros, talvez uns dez, ou vinte... Eles eram muitos alegres, latindo e uivando... Nós cuidávamos muito de todos eles, minha irmã e eu adorávamos uma cadelinha, dessas que não crescem muito. Nós a chamávamos de “Sarita” como ela era linda, alegre e brincalhona.
     Um dia cheguei da escola e avistei a Sarita deitada, parecia imóvel, deixei os objetos e mochila de escola no chão e fui desesperadamente ao teu encontro, a minha irmã estava chorando perto do pé de manga, a Sarita estava deitada como gente fosse, cheguei ansioso perto dela e ela não respondia com nada que eu fizesse, e de repente uma lágrima caíra do seu olho, eu desabei no choro confuso e furioso.
     Fiquei sabendo que a Sarita e outros cachorros nossos foram covardemente envenenados, não sabíamos por quem e por que. Depois disso, minha irmã e eu jamais tivemos cachorros naquela casa pobre de pau-a-pique.
André Mendes
Enviado por André Mendes em 11/12/2014
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