​De repente, vêm ele, assobiando uma canção, parece-me ser jovem, não mais que 30 anos. Passa entre vielas e salta, no beco escuro. Deparo-me, então que ali é senão um salão de jogos.
Paulo é o seu nome. Recém casado. Eu o conheci, no bar, na madrugada passada. Sei que não deve ser fácil, lagar um vício.
Noutro dia, eu o vi. Disse-me, que a noite passada gastou mais que podia e o dinheiro exato para o remédio da filha, foi apostado no jogo. Infelizmente perdeu, embora àquela noite sonhara acordado com muito dinheiro.

     Engraçado, não conseguir sequer julgá-lo, ele estava destruído. As lágrimas corriam-lhe a face lisa e jovem. Eu recusei, dizer quaisquer conselhos.
Já fui viciado, eu disse ao dono do bar. Mas, o Paulo é uns dos viciados mais compulsivos. Eu fui bastante compulsivo. Ainda bem que parei de jogar, a tempo...

     Naquele dia, Joana esposa de Paulo, foi surpreendida com a ausência do remédio. O filho do casal estava muito doente e infelizmente morrera.
     Eu o segui. Andava trôpego, tão rápido como se fugisse de algo. Olhou a ponte... Não sabia nadar. Queria se matar... Era um assassino...
     Foi ao meu prédio. Disse-me o seu desejo. Eu tentei, em vão, acalmá-lo. Paulo pulou o décimo andar. Nunca vi, morte mais inexplicável do que essa!
André Mendes
Enviado por André Mendes em 13/12/2014
Código do texto: T5067940
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