Mistério em Rapa Nui

Foi o maior susto.

No passeio matinal dos turistas hospedados em Hanga Roa, o mistério e o sobrenatural tomaram a todos, nativos e estrangeiros do mesmo espanto.

Como por encanto os sete Moais de Ahu Akivi estavam todos de costas para o mar!

Fazia parte dos roteiros e das pesquisas arqueológicas o fato de que esse conjunto de sete estátuas de 4 metros de altura e 14 toneladas de peso cada, serem o único conjunto da ilha que estava voltado de frente para o mar, ao contrário de todos os outros que se voltavam para o interior. Agora o terror, os gigantes de Ahu Akivi também fitavam o centro da ilha.

Pesquisadores e autoridades, passados os primeiros dias de perplexidade, examinaram as bases das rochas vulcânicas, porém nada revelava qualquer indício de movimento ou manipulação.

As estátuas pareciam estar nessa posição há séculos, como todas as outras.

Na noite anterior, quando as estátuas ainda estavam em sua posição normal, um casal de apaixonados se amou ardentemente na praia, sob a lua polinésia. Teria essa paixão atraído a curiosidade dos Moais, que segundo é fama, tinham poderes mágicos?

Seitas antigas abominam a reprodução por qualquer meio da figura humana ou de divindades e quem as reproduz arderá no fogo eterno.

A inversão dos gigantes seria uma advertência de um deus esquecido por todos?

O fato é que tremendo mistério ocorrera ali, bem em frente do sono de milhares de pessoas, visto que no dia anterior tudo era normal.

Sempre antes de qualquer acontecimento tudo é normal, alguém observou.

Durante as investigações foram achadas em alguns pontos da ilha pequenas moedas reluzentes, porém já gastas, cujo verso e reverso ostentavam a mesma efígie: uma cimitarra partida, mas esse fato não impressionou os investigadores e logo foi posto de lado.

Em Uqbar, foi constatada a primeira interferência do fantástico no mundo real quando do achado de uma pequena bússola que era descrita nas páginas duma antiga enciclopédia.

Na Babilônia os símbolos arábicos salvavam ou condenavam seu portador segundo os dia da hégira.

Coleridge descobriu ao seu lado na cama ao amanhecer a mesma flor com que sonhara durante a noite.

Agora o movimento dos gigantes que se julgava para sempre imóveis na sua vigília silenciosa.

Poderia ser um sinal das mudanças que estariam por vir?

Do futuro sempre previsto?

Os Anciãos da ilha se reuniram para louvar em orações durante nove dias o acontecimento espantoso para a purificação dos espíritos.

Houve quem lembrasse da antiga tradição agora esquecida, dos homens pássaros, que se atiravam do penhasco para agradar aos deuses como forma de penitência para o tremendo acontecimento.

Cientistas começaram a chegar de todo o mundo para estudar o prodígio já munidos de toda sorte de teorias. Umas diziam sim, outras diziam não.

Ela, com os pés na areia suave apenas fitava o mar.