Liberté, douce liberté!
A cidade se estendia a frente. As luzes da urbanização tomavam conta da noite, ofuscando as estrelas. Da altura que estava via a cidade tentando dormir. Um bela vista sem dúvidas e queria levá-la para onde quer que fosse. Não sabia o por que, mas todos os sentidos estavam mais aguçados. Sentia o vento frio com mais intensidade, conseguia ouvir o barulho dos carros com mais precisão, enxergava os movimentos da cidade mesmo ela estando distante, sentia o cheiro do bosque que se estendia logo atrás e tinha um sabor amargo na boca. O coração estava disparado em pura adrenalina. Tinha medo, mas o medo mais libertador que poderia ter sentido na vida.
Passou um bom tempo e ainda não havia mexido um músculo, apenas curtindo o momento, o último que teria.
Primeiro passo, segundo passo. Estava mais perto da beirada do penhasco. Abaixo apenas a escuridão. Podia sentir o final da queda que logo se sucederia. Mais dois passos e tudo acabaria. Mais um passo para fim.
Uma grande puxada de ar. Pulmões ao máximo. Enfim, um corpo caindo. Quando o chão chegou estávamos rindo.
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Henrique Simão de Oliveira