A FORÇA DE MARIA

Era noite. O sol já havia partido e dado as boas vindas à lua que, alta e serena, se curvava em reverência ao menino que nascia. Os pirilampos adornavam a penumbra e até o silêncio calou-se para fazer ecoar o som da vinda do Criador do universo. A menina, agora mulher, de nome simples como flor, singular como a alegria, era Maria, a mãe do amor. Maria ouviu o primeiro choro do menino envolto em uma manjedoura de palhas. Maria pôde coloca-lo em seus braços e sentir o calor daquele corpinho frágil, meigo e infantil. Maria, pela primeira vez, acomodou o menino Deus em seus braços e em seus seios, o amamentou. Ela alimentou o criador com o leite da criatura, fazendo nascer assim um elo perene e umbilical entre Deus e os homens.

Maria viu pela primeira vez o menino arriscar seus primeiros passos e, antes mesmo dEle cair, ela já o amparava em seus braços amorosos. Presenciou o cair do seu primeiro dentinho de leite e mesmo assim sorriu com Ele, contemplando o sorriso mais belo e mais sincero de todo o universo. Maria O viu crescendo, se tornando professor e mestre ao mesmo tempo, espalhando ensinamentos que nenhum ser humano havia lhe ensinado. Quantas vezes Maria o acolheu em seus braços afetuosos. Quando Ele chorou de tristeza, ela estava lá o acariciando nas suas horas de dúvidas e de angústia.

Mas chegou um dia em que a luz se escondeu na penumbra. As andorinhas deixaram de voar. As estrelas tiveram seu brilho ofuscado pela angústia de um Pai celestial e de uma mãe terrena. O sorriso se encolheu sufocado pela dor e pela tristeza. Naquele dia, Maria viu seu filho sendo arrastado por uma multidão como se fosse um estandarte de algum bloco carnavalesco.

Naquele Dia, Maria viu o filho que ela havia amamentado em seu colo, ser humilhado e chicoteado. Em algum momento, no instante em que Ele caía com o opróbrio da cruz em seus ombros, seu olhar cruzou ao dela e ela pôde ouvir o sussurro de sua voz refletido em suas retinas dizer: mamãe me protege. Onde estão aqueles braços que me acolhia e me dava guarida quando eu era criança? Vem me trazer teu colo, me ampara e me socorre mamãe. Naquele dia, Maria nada podia fazer. Sua dor era indescritível. Aquele bloco carnavalesco arrastava pelas ruas seu filho, o filho de Deus, com a alegria de uma escola de samba campeã. Maria se implodia de dor. Apesar de parecer estar sendo derrotado, o agora Homem-Deus estava erguendo no cume da cruz, o troféu universal de campeão, pagando um preço que era meu e que era seu. O preço de um resgate. Como Maria teve tanta força para suportar tamanho sofrimento como mãe, é um mistério divino.

Que tenhamos a força de Maria para suportar as nossas dores. As dores da decepção, as dores da tristeza, as dores do medo, as dores da enfermidade, as dores das incertezas, as dores da morte, as dores da dor. Que sejamos como Maria.

Por isso, esse nome traz doçura,

Paz e alegria.

O nome escolhido para nos motivar à força,

A força de MARIA.

Wellington Costa

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