Sobrevivi ao dia dos namorados

Nossa, achei que seria o fim do mundo. Todo ano é essa mesma agonia fico desesperada só de assistir televisão tendo de me deparar com diversos comerciais fazendo propaganda de presentes e homenagens aos namorados. Eu prefiro passar na locadora e pegar alguns filmes de ação com muito sangue e nada de romance, assim não teria que ficar lembrando que sou uma encalhada esquecida na Terra.

Minha maior sorte foi que esse bendito dia dos namorados caiu em plena terça-feira, sendo assim não teria que ficar alimentando um pecado capital que me tortura nesses dias a INVEJA.

Então foi trabalhar trancada dentro de um consultório médico me livrando dessa inveja, afinal quando as pessoas estão doentes quase morrendo ninguém nem lembra que dia que é hoje.

Mais minha felicidade de proteção contra essa visão já estava quase acabando, quando eu olhava para o relógio e lembrava que teria que ir embora, percorrendo assim um caminho cheio de gente sorridente e romântica.

Então veio a maldita idéia de ligar para uma amiga que também está na mesma situação de abandono, e convida-la para tomar alguns goles de chope. Ela não pensou duas vezes e logo chegamos no barzinho combinado.

Infelizmente para nosso desconsolo, ao nosso redor só tinha casal. Dedurando então nosso caso de solidão. Por isso mesmo nos animamos e pedimos logo duas enormes canecas.

O garçom vendo nossa situação, já veio logo avisando que o bar estava com promoção, a cada 4 caneca gigante ganharia a 5° de graça. Nossa fomos ao delírio com a noticia, afinal não seria feio se ficássemos bêbadas, pois estávamos “comemorando” o dia dos encalhados.

E assim foi noite adentro uma caneca depois da outra, não perdendo a conta das canecas cheias de chope que ganharíamos.

Já passando da promoção começamos a ficar meio felizes, esquecendo então o motivo da bebedeira. Esbanjando essa felicidade alcoólica sabíamos que deveríamos parar por ali mesmo antes que não nos controlemos mais e não conseguiria voltar para casa.

Pois bem, chegamos finalmente em casa mortas e dando altas gargalhadas uma da outra. A única coisa que queríamos era cama, nossa cabeça rodava mais rápido que o corpo, dando uma sensação de enjôo. Não estávamos bêbedas, apenas nos divertimos pra esquecer o problema e realmente esquecemos. Mais esquecemos também como chegamos em casa, esquecemos de jantar e esquecemos até mesmo de tirar as roupas e tomar um banho, caímos com tudo na cama pegando rapidamente no sono.

Ótimo, tínhamos sobrevivido ao dia dos namorados!

O problema agora é acordar com cara de ressaca, dor de cabeça absurda, com a garganta parecendo que engoliu um novelo de lã gigantesco e uma sede insaciável. Olhar para a cara do chefe e dizer que esse mal estar deve ter sido de alguma coisa que comeu na noite passada.