Aborto

Ela acordou cedo.

Sentia uma preguiça diferente. Era cansaço? Mas, logo pela manhã? Ainda nem saíra da cama...

Levantou.

Seguiu direto para o chuveiro.

Enquanto ensaboava seu corpo, sentiu seus seios nas mãos... pareciam maiores... mais firmes... será?

Se vestiu para o trabalho. Estava só no café da manhã...

No caminho encontrou uma amiga querida e durante o abraço de “bom dia” percebeu os seios doloridos... estranho...

Durante o almoço daquele dia, sentiu um enjoo... um mal estar... precisou sair correndo... será? Não! Não pode ser!

A amiga comentou “você está grávida”.

Será???

Ela estava com 35 anos e até então nunca havia engravidado. Segundo os médicos seus ovários eram polimicrocísticos... não... não podia ser!

Já havia desistido da maternidade pelos meios naturais e até se sentia conformada depois que ganhou de presente de Deus uma linda menina... não nasceu de seu ventre, mas, enfim, era mãe!

E agora isso...

Resolveu marcar uma consulta médica para ver o que estava acontecendo. Era segunda-feira e a consulta ficou marcada para sexta.

Cada dia um novo dia.

Quinta-feira...

A rotina continua... ela chega ao trabalho.

Não está se sentindo muito bem... mal estar...

Conversa com o chefe e vai se deitar um pouco em um dos apartamentos... já está próximo ao horário de encerrar o expediente.

Deitada, ela sente uma dor estranha no ventre... nunca sentiu algo assim.

Ela chora em silêncio... coração apertado... ela ora.

E em suas orações diz: Senhor, se houver um bebê aqui dentro, cuida dele... ele pertence a ti.

Alguém bate na porta. Hora de ir embora.

Ela ainda não se sente muito bem. Vai para casa. Precisa de um banho!

No banheiro, tira a roupa e sente algo cair no chão próximo aos seus pés...

Ela abaixa e segura nas mãos uma pequena bolsinha pouco menor que um limão... havia sangue... ela chora. Grita alto.

O marido vem correndo. Que foi?

Ela mostra a bolsinha nas mãos... olha.

Ele também chora.

Ele a leva ao hospital... a bolsinha vai junto...

A médica pede um exame só para confirmar...

Positivo.

Eles choram.

No ultrassom o médico fala que o corpo expulsou tudo... nenhum vestígio de gravidez... apenas o resultado de exame... positivo... mas não havia mais nada.

Em casa, deitada na cama, ela chora... e pergunta à Deus: Por quê, Deus? Por quê?

Céus! Como pode doer tanto?!

Ela se lembra da bolsinha inerte em suas mãos... seu bebê... tão pequenino... morto.

Por quê?

Por que Deus permitiu isso?

Então, acontece algo... ela parece ouvir em seus ouvidos “Mateus 20:15”.

Levanta.

Abre a Bíblia e lê Mateus 20:15 onde está escrito: ““Não me é lícito fazer o que quiser do que é meu?”

Então ela se lembra de sua oração... “Ele pertence a Ti, meu Deus! Ele pertence a ti...”

As lágrimas cessam.

Seu coração está em paz.

Seu bebê está em boas mãos.

Deus sabe de todas as coisas.

Sabe sim.