A Mijada no Pauloca

Ficamos boquiabertos, horrorizados, houve revolta entre a criançada, varias opiniões e pareceres, o tumultuo chegou na calçada de vó Nenê, tia Lene trocou algumas palavras com tia Sol e esta saiu fumaçando em defesa da integridade do sobrinho.

Éramos todos crianças e como a rua não tinha asfalto, havia árvores de nome castanholeiras plantadas no meio da rua, como se fosse um passeio. Quase não existia carro e podíamos brincar de correr, de jogar bola, tanto futebol como voleibol, tínhamos liberdade de espaço.

Foi aí que alguém chutou a bola e a mesma caiu na casa do senhor Sebastião Costa, um velho muito sério de quase oitenta anos, brabo, pai de varias senhoras cinquentonas e que estava sentado em uma cadeira no seu jardim, um pouco recuado e encostado à parede lateral da casa, que lhe dava cobertura para sua maldade de velho ranzinza.

Todos tínhamos medo e cuidado em ir lá, pois era brabo o senhor Sebastião.

Tentamos decidir quem iria, quem pediria a bola, quem entraria no jardim.O medo estava estampado em nossas faces. E no alvoroço da criançada o eleito para tal bravura foi o Pauloca.

Percebi que ele ficou assustado, mas ele havia sido o escolhido, era a prova para um menino entre dez e doze anos, magro e franzino demonstrar para os demais que já era um homem.

Então começou a se encaminhar em direção ao jardim da casa, todas as crianças o seguiam e ficavam olhando para saber se conseguiríamos a bola de volta ou não. As nossas caras estavam assustadoras de medo.

Aí Pauloca parou na porta do lindo jardim, onde as vezes as crianças tiravam rosas escondidas. Pauloca chamou umas duas vezes com uma voz rouca e desestabilizada, mas ninguém respondeu. Estamos trêmulos em suspense, então ele abriu o portalzinho de madeira que era fechado com um ferrolho enferrujado e começou a procurar a bola por entre as folhagens das lindas plantas espinhosas do jardim bem cuidado.

Então escutamos um grito de terror e Pauloca menino saiu todo molhado. Seu Sebastião segurou-o pelo braço e mijou nele sem dó e sem pena. Quando Pauloca conseguiu se soltar, saiu correndo desesperado do jardim envenenado, fedendo a mijo de velho, era uma inhaca e todos corremos atrás com medo que o velho estivesse no nosso encalço.

A tia Lene saiu correndo para a casa do velho Sebastião para defender o sobrinho querido e mijado. Todas as crianças foram atrás de novo, e quem atendeu foi as senhoras filhas que disseram que foi água da borracha do jardim. Pauloca foi tomar um banho, mas o cheiro do mijo do velho era sentido, era mijo de velho sim.

Teresa Cristina Monteiro
Enviado por Teresa Cristina Monteiro em 03/07/2015
Reeditado em 06/07/2015
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