ESCRITOS DE HOJE - Normanda (Lia de Sá Leitão) - 17/06/2007

É divertido falar em dor, aquela dor de amor, as mesmices que todos sentem e imaginam os úncos solitários no mundo nunca solidários nas ausências.

Cansei de falar dos amores perdidos, das vidas vazias, das dores de dente sem a escovinha no armário que alivia o dentista que dormia ao lado.

Quero falar em coisas mais singulares que paixão, quero falar de mãos que amassam o barro , dedos seguram o pincel e pinta em tons fortes a vida , o lado feliz, as flores não como natureza morta mas a orquídea como natureza viva; jamais ceifada de seu hospedeiro.

Li em álvaro de Campos um dos geniais heterônimos do escritor Fernano Pessoa: Todas as cartas de amor são ridículas, mas é obvio que não só Pessoa sensibilizou-se com os perdidos de amor, todos que tem um mínimo de consci~encia que foi ridículo ao menos uma vez na vida entende a profundidade de uma observação dessa natureza.

Pois bem, é muito complicado falar do perful bobo que cada um assume diante de uma carta de amor, é difícil traduzir em palavras as variações de humor, de personalidade, essa metamorfose ambulante de visgo, de querer saber onde o outro está, o que faz, quem é a péssoa que ele chama de pincesa( nem imagina que é a secretária e muitas vezes uma senhora eficiente, com os óculos na ponta o nariz, mãe de filhos universitários, mas sem aquela mulher e a própria competência estaria entre a cruz do mercado e a competência das papelasdas exigidas dos encargos e impostos estatais cobrados ao mercado).

O amor desperta ciúmes no dia-a-dia.

Aguém escreve em seus textos apaixonados e por mais absurdos que pareçam ainda possuem a capacidade de espalhar pela internete, recomendar aos amigos que na lenga lenga de eu te amo, lê aquilo tudo , e diz que sentimento lindo, mas lá dentro do peito o coração bombeia mais forte esangue ao cerébro e automáticamente o ser pensa, deve estar bobo de paixão. mais uma besteira sem precedentes, se pelo menos os textos rídiculos de amor fossem adolescentes havia um perdão passional, todos fomos adolescentes, mas o pior que são os adultos, e quem não passou pela mesma intensidade de emoção?

Quem nunca liberou seus feromônios da forma mais ridiculamente inteligente? Atire a primeira pedra!

O motivo aqui abordado não é o sentimento, repito, e sim o que leva aquele que ama ao ridículo, à condição de escritor parvo verborrágico dos longos e repetitivos eu te amo meu amor.

Alguém leu em algum poema: saio desse relacionamento por que meu ser amado me fez sentir um bosta e a porcalhada toda me despertou um sentimento de posse, de perda, de troca enfim sentimento de ciùmes?

Que nada! escreve assim, meu coração dói por que desconfio de sua paixão por outro ser.

Contexto, atire a primeira pedra o amante incondicional que nunca olhou as pernas da moça de cabelos longos que chormosérrima galopante em seus saltos altos, porte de manequim, maquiagem de aeromoça, atravessando o universo numa velocidade inenarrável, sensual em direção ao outro lado da avenida mais movimentada da ragião, ela é aquela manequim sem nenhum requisito estético de perfeição das passarelas, tudo aquilo é o receio de chegar atrasada mais um dia ao trabalho por que o ônibus atrasou.

Até que ponto realmente muda a cara de bobo e a observação boboca de quem é o ser amado e olha outro ser que possivelmente deve ser amado por alguém que ainda escreva as velhas e ridículas cartas de amor, nem que seja por e-mail.