O CONTADOR DE HISTÓRIAS
Conto de:
Flávio Cavalcante
 
 
 
 
 
 
 
     Os missionários de luz, anjos que recebem a missão das mãos de Deus para ajudar os mais necessitados. Pessoas que vem ao mundo, exclusivamente para fazer o bem ao próximo e sem olhar a quem. Assim levava a vida este espírito de muita luz, chamado Bernardo. Ele tirava o maior tempo de sua vida para contar estorinhas para velhinhos em asilos e para crianças portadoras de câncer em hospitais. Parecia que ele tinha a certeza que estava nesse mundo exatamente para esta missão de fazer feliz pessoas portadora de alguma enfermidade.
 
     Era um trabalho prazeroso e árduo ao mesmo tempo. A convivência com pessoas tão queridas, deixava uma marca de amor em seu peito num grau tão profundo que o sofrimento na vida se tornava longo. As pessoas abraçadas fraternalmente pelo contador de histórias tinham pouco tempo de vida. A maioria estava em estado terminal de câncer.
 
     Um belo dia, Bernardo conheceu a Marta depois de fazê-la dar boas gargalhadas com suas palhaçadas de rotina naquele hospital. A menina tinha aproximadamente dez anos de idade e já estava bastante debilitada e desenganada pelos médicos. Depois de todo trabalho ele já havia trocado de roupa para voltar para a sua casa. Marta pediu a Bernardo que não fosse embora, pois cada dia que ela dormia ela tinha a impressão de que não acordar. Ela era portador de Leucemia e já estava se sentindo muito fraca. Bernardo ficou bastante chocado e comovido com as palavras vindas daquela linda menininha e acabou não saindo do hospital naquele dia. Foi um amor à primeira vista. Ele sofria com o sofrimento dela. O destino parece que colocou nas suas mãos uma filha com uma passagem rápida pela terra. Marta foi um anjo que caiu do céu nos braços de Bernardo.
 
     As histórias hilárias que o palhaço vestido de médico contava, fazia com que os dias da menininha se prolongassem na terra. A despedida no final de cada trabalho, ele se banhava de uma tamanha emoção que fazia todo também desabar em lágrimas.
 
     Um belo dia, uma das enfermeiras observa Bernardo contando as estórias para Marta e uma delas ele relatava a historinha de um anjo que foi enviado pelo senhor Jesus para fazê-lo feliz. No meio da historinha Bernardo não se aguentou e se esvaiu em lágrimas. A menininha ficou impressionada.
 
     - Mas você está triste? Palhaço chorando?
 
     (Retrucou a menininha com expressão de tristeza e depois abriu aquele sorriso e aplaudiu o contador de histórias, achando que ele havia feito um excelente trabalho).

     Mas eu não estou triste. Eu estou é muito feliz.
 
     Bernardo abraçou a Marta carinhosamente e ela ria incessantemente enquanto ele chorava descontroladamente em seu ombro. Aquele sorriso da linda e frágil criança foi se desfazendo aos poucos e o que restou naquela momento foi um adeus de muita felicidade transformada no hoje em dia em uma linda saudade. Marta hoje, olha para Bernardo de lá do céu, acredita ele que ela é uma daquelas estrelinhas que ficam pontificando as noites escuras do céu.
 
     A labuta continua e Bernardo persiste alegrando os corações das crianças que vivem em leitos esperando apenas a hora de papai do céu chamar.
 
 
Flávio Cavalcante
Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 27/01/2016
Código do texto: T5525187
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