QUEM PLANTA VENTO COLHE TEMPESTADES (V)

QUEM PLANTA VENTO COLHE TEMPESTADES

Série: Ditos populares

Era uma vez uma menina, tão meninha, que não sabia ainda que era capaz de direcionar seu destino e também controlar e desviar os seus raios e tempestades quando eles vinham intensos e assustadores.

Ela não havia percebido o poder da sua mente, imaginação e criatividade.

Ela era Clarinha, só no nome, ou apelido; pois tudo lhe era, ou parecia, muito confuso.

Até que conheceu Leninha, uma menina que a tudo observava e com tudo aprendia novos rumos, novos caminhos e lições e tudo ficou mais fácil e lógico. Esse foi o início de sua mudança.

E assim Clarinha aprendeu que nem toda riqueza do mundo pode trazer felicidade. Que, também quem planta vento, colhe tempestades. E para isso ela deixou de ser uma "garota mimada", como muitos diziam. Aprendeu a hora certa para questionar, sem implicar, e de ser ouvida.

Percebeu, também, que sem suas explosões de fúria tudo ficava mais fácil. Por isso ela foi ficando mais doce, mais ouvida e todos começaram a sentir sua falta. Todos a queriam ao seu lado.

E o seu segredo ela não contou para ninguém, mas toda vez que ela ia

explodir de raiva, ela se esvaziava jogando todas suas mágoas e frustrações num só grito, bem alto como uma explosão saindo de seu peito, mesmo que o grito fosse abafado por sua almofada preferida, para que não a ouvissem e viessem as críticas destrutivas, como: Ficou biruta? Está lelé?....

Assim, aos poucos, ela foi liberando espaço interior para as coisas boas e para os amigos verdadeiros. O que ela agradeceu a um filme cujo personagem um adolescente magoado corria para seu esconderijo predileto, próximo à linha de trem e quando a locomotiva passava num estrondo só de guinchos e rodas estridentes ele esvaziava os pulmões num, só grito. Era um tipo de psicanálise dos anos setenta, ou oitenta, quando nem todos tinham acesso à ela.

Só sei que isto funcionou e Clarinha, ficou linda quando as coisas para ela clarearam e ela não mais plantou ventos, mas Só Amigos.

anna celia motta
Enviado por anna celia motta em 11/02/2016
Reeditado em 11/02/2016
Código do texto: T5539863
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