DESENHO EM PAPEL VEGETAL

Um dia eu fui a casa onde minha mãe morava. Eu nunca morei naquela casa, mas sei que os dias passam e os sinos badalam todas as manhãs. A casa ficava num bairro onde as ruas e as pessoas são imaginárias, por isso, não existe conflito. Os desenhos eram feitos com lápis em papel vegetal e poderiam desaparecer com a primeira chuva ou ficar ali para sempre.

Prefiro filmes em preto e branco, mas gosto de filmes a cores também, tipo “Sonata de Outono” do Ingmar Bergman e “Noite Americana” do François Truffaut.

Depois que eu e minha mãe conversamos folheando revistas de cinema de minha coleção saímos para caminhar. Durante a caminhada passamos por um jardim que ficava perto do riacho de águas leves, parecia os jardins de pedras.

Enquanto nós andávamos pelas alamedas eu me perguntava se era um herói, um anti-herói ou uma miragem como tudo que se vê por ai. Depois de algumas horas ou alguns minutos, não sei bem, chegamos à lua.

Na lua pudemos ver as estrelas lá longe e descobri também, olhando tudo ao redor, que na lua não tinha São Jorge e nem dragão, só tinha a paisagem desértica , mesmo com as casas, que foram erguidas durante e depois do pós-guerra.