Uma Rosa para Berlim - Verdades que esconderam 1.

Olho a noite e vou dormir. Sonho com tudo de ruim. Acordo no domingo, dia

15de abril de 1945 e escuto o alarme de bombardeio. Volto para o abrigo e me Jun

to ao nosso grupo. Volsak sai desenfreado sem se despedir. Parece que o alarme

foi falso. Saímos e assumimos nossos afazeres.

Volsak retorna mais tarde e faz sinal para nos reunir na sala.

- Nosso governante pediu para todos que estão aptos para a luta se apresentar.

- O quê está acontecendo? - Pergunta Heindal sentado no fundo da sala.

- Estão cercando Berlim! Recebemos ordem de resistir até a morte nossa ou de

nossos inimigos. Soviéticos estão ganhando terreno muito rápido. Muito mais rá

pidos que os aliados. Avisei sobre vocês e pediram para se apresentarem hoje

mesmo na unidade mais próxima.

Aquilo soou como um soco no meu estômago. Mas saímos o mais rápido possível

e em pouco tempo estávamos nos alisando. No dia seguinte veio a informação de

um ataque crucial a leste da capital. Ficamos apavoradas. Erna demonstra isso no

olhar. Parece prever algo ruim. Mas vamos para o treinamento assim mesmo.

Passamos a noite fazendo tiro ao alvo e veio informações sobre o rio Oder. Um

arrepio tomou conta de mim. Algo terrível estava para acontecer. Depois fomos

todas e todos dispensados. Fui dormir e acordo bem cedo por Volsak.

- A situação está quente e vocês dormindo?

Acordo e vou ao banho e junto com minhas amigas, fazemos o desjejum e depois

nos apresentamos a unidade feminina mais próxima.

- As colinas Seelow estão sendo tomadas e o rio Spree está sendo cruzado! - disse

a nossa comandante com ar de soberania - seremos a surpresa para os vermelhos

e para os aliados. Defenderemos a capital e serão, enfim, surpreendidos por nossa

tropa que chegará por trás.

Apenas discursos positivos. Tudo para nos incentivar.

Passamos todo o dia 16 em alerta com as notícias que vinham do fronteira.

Foi-se o dia e fomos dormir. E o dia 17 foi de ronda por toda Berlim. Ao fim do

qual, ficamos no quartel limpando armas e acertando munição.

O dia 18 começa com mais más notícias. Os Soviéticos avançam mais e mais.

Passamos o dia ajudando no treinamento de mais voluntários. Terminado com um

jantar regado a sucos e bastante carne. Fomos liberadas e fomos para casa.

No dia 19 de abril de 1945, avançamos até as linhas divisórias a leste de

Berlim. Ou querem nos ver mortas ou acham que somos bem superiores pois, to

dos sabem que os Soviéticos podem entrar por ali. Estou ao lado de Marija que roe

as unhas. Puro nervosismo. E eu me encontro no mesmo estado. Forças da SS se

posicionam a nossa frente junto com tanques Panzer. Muito barulho de tiros de

canhões é ouvido. E o dia 19 segue com toda a apreensão do mundo. Heindal apa

rece com um grupo de veteranos que nos passam positividade. Mas nem sei o que

falam pois, passo a andar de pistola na mão de um lado para outro e vejo o dia pas

sar sem perceber. Nós fazemos entrega de comida aos soldados e carregamos as

munições de um lugar inapropriado para um lugar mais protegido. A noite chega e

nós, as mulheres, ficamos alojadas em um prédio de três andares abandonado.

Jantamos. Fizemos nossa higiêne e vamos dormir.