Homem juiz II.

As ultimas coisas de que me lembro, é o barulho de uma sirene lá longe e de mim olhando para o céu escuro e minha vista embaçando.

Desde então, não pude dizer que me sinto bem, ou ao menos, melhor do que no dia anterior, me sinto apenas vivo, digo; respiro, como e cago, vida se resumir a isso para mim. Passar uma boa temporada na UTI, não é fácil, ninguém se preocupou em me visitar, tenho até uma leve impressão de ter ouvido falar, que eu não passaria vivo dessa e cá estou eu.

De volta à minha casa, está tudo do mesmo jeito, depois do meu grande feito, eu diria que piorou. A rua parece menos movimentada, quase deserta, não ficaram muitos dos meus antigos vizinhos, eu logo deduzo o motivo; tantas mortes assim, incluindo a do pivete e supostamente a minha, eles ficaram com medo e partiram e os pedestres não passam mais por aqui, em contra partida, os drogados e traficantes fizeram daqui um point, nem se importam mais com o sol.

Passado algum tempo, tudo permaneceu assim, e eu voltei a observar tudo através da minha janela, estou com um gosto de que tenho algo não terminado, alguma coisa que não coloquei o devido ponto final.

Não estou velho propriamente dito, mas, muito enfraquecido, o suficiente para aparentar uns anos a mais, obviamente que não tenho mais a minha arma, sei lá onde deve ter parado, e agora, cheguei a uma conclusão... Preciso de outra!

Com um pouco mais de dinheiro, se consegue qualquer coisa lá no centro da cidade, eu ainda conhecia a pessoa certa; sempre soube quem eram as pessoas com quem se acertavam as coisas. Isso, até chegar o maldito pivete.

Eu matei o maldito garoto, achando que isso ajudaria a resolver as coisas, resolveria muitos dos problemas e pelo visto, foi isso que causou mais problemas, matar o garoto, causou mais problemas, eu causei mais problemas, talvez, eu tenha sido a raiz de tudo. Merda!

-O que eu deveria fazer?

Olho novamente pela janela, a rua continua meio deserta, o beco anda movimentado, o comércio de drogas; moleques entrando e saindo.

Depois de pensar um pouco, pego o telefone e digito três números, um, nove, zero... Denunciei uma chacina no beco da minha rua, balas para todos os lados, uma cena terrível, eles tinham que correr.

Bebi um copo de água gelada, coloquei a minha nova arma na cintura e a cobri com o agasalho, eu ando em passos lentos e paro num barzinho recém-aberto, que fica em frente ao beco e peço outro copo d'água e espero; quase meia hora.

Novamente escuto um barulho de sirene lá longe, eu sinto que é a hora e saio do bar.

Caminho e paro de frente para o beco, puxo a arma bem devagar, o click chama a atenção dos traficantes e dos drogados, olho para o lado e vejo a viatura dobrando a esquina, aponto a arma para os drogados e começo a atirar, balas para todos os lados, na mesma hora, os traficantes revidam com tudo o que tem, a policia para o carro na hora, e alguns disparos acertam a viatura; os policiais descem atirando, eu fui alvejado, todos morreram, bem, eu acredito que morreram, eu apaguei antes. Coloquei o devido ponto final em algo.

-Que Deus faça o seu trabalho agora.

Henrique Sanvas
Enviado por Henrique Sanvas em 23/07/2016
Reeditado em 22/09/2020
Código do texto: T5707095
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