Chuva, Frio e Morte
Parte 1
"Chuva, frio e morte", palavras que não tem uma lógica textual separadas, mas juntas em uma frase, podem gerar grandes emoções negativas, nunca me abalei tanto com a perda de um ente querido, até à última noite, quando minha tia Lucia partiu ao céu, agora estou aqui, rodeado de pessoas estranhas, chorando ao lado de um caixão. Mas não esboço qualquer reação, pois aprendi a ser frio, como a chuva e como a morte.Parte 1
Pessoas se vão todos os dias, todas as horas e minutos, inclusive agora alguém deve ter acabado de partir, mesmo assim acho que foi cedo para ela ir. Lucia tinha trinta e sete anos, e uma doença grave, câncer no estomago, passou seus quatro últimos anos lutando contra isso, infelizmente em vão, hoje meus primos Jorge e Thomas não tem mais motivos para sorrir, Jorge ainda não tem noção do que aconteceu, ele tem apenas seis anos, já Thomas sabe muito bem que as coisas não serão fáceis, com seus quatorze anos ele já é capaz de entender muita coisa.
Meu tio Isaac não é alguém que se possa chamar de maduro, vive jogando futebol e trabalha em uma fábrica de motos, escapamentos e coisas que não precisam ser ditas, nunca foi realmente um pai para meus primos e isso vai ter que mudar se ele quiser manter sua guarda. Muitas coisas mudam com nossa perda, inclusive onde vou viver, devo ir morar com eles por um tempo, tentar ajudar a colocar a cabeça no lugar e depois seguir minha vida rumo a universidade de Massachusetts.
Passadas duas semanas desde que Lucia se foi, todas essas mudanças não afetaram-me gravemente. Mas ainda continuo perdido à noite no telhado da casa, com Thomas me contando suas façanhas da escola, já sabendo que nem metade delas eram verdadeiras, mesmo assim gostava de ouvi-lo, algo nele me fazia lembrar da minha própria infância e hoje com vinte e dois anos era raro eu ter motivos para lembrá-la.
Correção do conto de 2013.