De Janeiro à Janeiro
De uma estação à outra.
Nunca se cansava, estava sempre a esperar.
As cartas amarelavam aos poucos, mas sua esperança brilhava como
raio de sol que refletia no vidro, logo de manhã.
O canto dos pássaros lhe fazia sorrir. - Pobre mulher, porque a vida lhe fora tão injusta?
Todos os dias, ela esperou incansável, sempre com sorriso no rosto a volta de seu bem querer...
Foste a estação de trem, ansiosa que a cada um que chegasse, viesse ele ao seu encontro.
Não desanimava nunca. Sempre tão caridosa com seus sentimentos.
Numa bela manhã, um telegrama recebeu.
Não aguentou e se dispôs a chorar...
"Morto em combate.
Sentimos muito pela sua perda. Ele foi um soldado precioso para nós.
Terá um enterro digno."
Não lhe restara forças para falar, nem sussurros, nem nada.
Era janeiro, clima fresco, nunca esqueço... O olhar da pobre mulher, que fora obrigada a seguir em frente.
De janeiro à janeiro, leva flores em seu túmulo.
- Sinto ele sempre comigo! - E continuo a caminhar.