PARADA DE ÔNIBUS

O dia amanhece em algum lugar do país, com o despertar do sol num longo bocejo. Filas enormes de trabalhadores esperam as suas conduções nas ruas, após terem caminhado um longo percurso, de casa ao ponto de espera. Enquanto esperam pensam em diversas coisas que poderiam ter sido e não foram, em como as abóboras se acomodaram, através dos solavancos da estrada. Ao perceberem que a rotina toma conta se confortam olhando ao redor e observando que não estão sozinhos, nesta jornada diária, na vida. Ao seu redor a cena os faz pensar: algum dia verão novamente aqueles rostos?

Na vida, ou decide-se rápido ou destino se encarrega disso, ou decide-se rápido ou o ônibus passa. Aos poucos, a medida que se envelhece tudo parece ser mais rápido e aceitável. Uma criança agitada pela ansiedade, tem energia em demasia para gastar, pode sonhar, não se preocupando com hipérboles, no que vai ser quando crescer. Já um adulto acomodado ao longo do percurso do trabalho para casa, sabe o quanto é difícil nutrir e manter os sonhos daquela criança. Vários ônibus já passaram e eles esperam, quem sabe o próximo?