Matrix

Eu e esse pavor do mundo considerado real. Precisamos nos escravizar pra obter um sujo pedaço de papel chamado dinheiro pois sem ele não temos valor algum. Isso me incomoda demais. A gente acaba aceitando qualquer condição de trabalho, podamos nossas asas, os dons vão pro ralo, sofre-se uma triste metamorfose que nos transforma em criaturas incrivelmente opacas e medíocres. Recebe-se por fim um diploma informando com todas as letras ‘Parabéns! Você é normal. És parte da boiada membro intrínseco da massa’. Sei que já escrevi bastante sobre isso e estou sendo um tanto repetitivo, mas sinto que tal pauta ainda precisa ecoar infinitas vezes até finalmente penetrar a alma da massa de modo que ela abra os olhos e tente pela primeira vez fazer uso consciente das retinas. Pois enquanto houver pessoas revirando lixo buscando comida em frente a supermercados, é por que tem algo de muito errado acontecendo nessa sociedade. E enquanto houver tais anomalias, haverá um Cristiano escrevendo o óbvio tentando semear reflexões não em rochas duras, mas terras férteis que um dia possam dar arvores frondosas saciando os desvãos sombrios do planeta com bons frutos, fazendo desse mundo um lugar melhor. Ou menos pior.

Cristiano Corrêa
Enviado por Cristiano Corrêa em 05/03/2017
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