A busca da vida

Ao olhar um livro fechado sobre a estante, o rapaz percebe que ainda não sabe o suficiente para afastar-se dele. Fica a contemplar o mundo lá fora e a estante de livros mutuamente. O pôr do sol o fascina no céu, os livros na terra, só ele sabe o que sente. No entanto, vira-se para a estante e diz, como que para suavizar sua fuga dos estudos: - Me desculpe autor, mas o mundo e suas infinitas possibilidades me esperam e eu não vou ficar aqui trancado arrombando portas abertas com experiências alheias.

Pega uma mochila preta, contendo seus pertences mais necessários, um pouco de dinheiro e uma máquina fotográfica. Agora ele ruma para suas próprias descobertas, sua mente caminha para o que há de novo, para as estrelas que começam a surgir ofuscando a possibilidade de mudar de idéia. Ao fechar a porta, uma imensa saudade bate o peito, mas essa é uma saudade diferente, do que ele não sabe, do que ele ainda não passou. Um sorriso sincero enfeita seu rosto, não de sarcasmo, mas um sorriso daqueles que mudam a tez preocupada, como quem acaba de ser pai após esperar uma vida inteira para isso.

Chegando a rodoviária, ele pede uma passagem para o desconhecido, sem seguro. Olhando através da janela do ônibus, ele vê o céu, tenta adivinhar as constelações, pensa a respeito de signos se eles realmente influenciam o comportamento, mas ele não sabe dizer, só sabe dessa saudade que sente, e ao caminhar em direção ao mundo sem medo, ele caminha um pouco em direção a diminuição de sua angústia.

A sua vontade de continuar caminhando para onde ele nunca foi continua a movê-lo por entre abismos, desertos, faz ele atravessar mares em seu ser, a caminho de algo, mas diferente do que ocorreu até agora em sua vida, esse algo ele pode escolher. O que é? Isso só ele sabe!