Só mais uma lembrança

Eu podia ver vagamente as formas do corpo dela se arrastando pela escuridão do quarto, letárgica, mas sensual. Ela se movia devagar sobre os lençóis, em minha direção. Parecia um animal pronto a me atacar, e meu estômago reagia como se algo intenso estivesse pronto a acontecer. Ela aproximou o rosto do meu e pude sentir sua respiração e o seu hálito em minha face. Nesse momento, percebi o quanto a desejava. Me peguei tateando suas costas e com o rosto afundado em seu pescoço. Ela reagiu me arranhando um pouco com as unhas mal cortadas. Nos deixamos cair de lado na cama e minha boca encontrou a sua. A essa hora eu já tinha uma ereção louca entre minhas pernas que não conseguia mais disfarçar. Ela riu quando sentiu a coisa contra o seu corpo. Eu tenho certeza que vi um sorriso, mesmo que quase nenhuma luz chegasse ao quarto. De alguma forma eu podia ver seus olhos e alguns detalhes do seu rosto. Como se aquilo tivesse ficado gravado na minha mente e eu não precisasse de fato vê-los para tê-los como imagem formada na cabeça.

- Pode parecer besteira..., mas já me aconteceu mais de uma vez.-

Ela me mordeu o lábio inferior e aproximou mais o seu corpo do meu, quase me travando entre suas pernas.

Eu quis penetrá-la. Mas de alguma forma não fomos em frente.

As coisas foram esfriando, mas ainda estavam bem mornas. Nos contentamos em ficar entrelaçados com as respirações sincronizadas. Dava pra sentir uma eletricidade no ar, mas não era algo exatamente confortável. Definitivamente... era algo fantástico, mas também era um tanto tenso.

Era como olhar para um céu carregado, prestes a desabar em uma tempestade, mas não ver a chuva de fato.

Talvez só eu sentisse aquilo. Talvez eu estivesse realmente um pouco doido. Acho que eu nunca saberei ao certo mesmo.

A tensão foi passando e em alguns minutos adormecemos juntos, e eu me vi com a sensação de estar no lugar certo, na hora certa... algo que eu já tinha me esquecido que era possível sentir.

Ficamos juntos ainda por uma hora ou duas e ela se foi num ônibus lotado.

Sabe Deus quando dormiremos daquele jeito de novo.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 03/04/2017
Código do texto: T5960072
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