A Canária e o Pardal

Um pardal, que voava por esse mundão afora, aventureiro e sem ninho certo, apreciava tudo que existia de bonito. Havia também as dificuldades, luta por comida e para fugir dos gatos ariscos, isso, sem falar nas chuvas,frio e tempestades.

Um dia, estando de passagem por terras longinquas, escutou o trinado mais lindo que já tinha ouvido na vida. Voou em direção a ele e, encontrou uma linda passarinha. Uma canária real, branca como neve, de olhar doce e canto melódico como a natureza, mas, que estava presa em uma gaiola dourada, com todo o conforto, é bem verdade, pois tinha água, banheira e alpiste.

Sem pensar, vaidoso como só, o pardal pousou em cima da gaiola e começou a conversar com a canária.

Foram horas de conversa e, a paixão e o amor vieram naturalmente como o nascer do sol. Eram diferentes; ele, vagabundo, livre, simples, apesar de aventureiro e intrépido. Ela, linda, nobre e engaiolada.

Os donos dessa canária, porém, logo apareceram e afugentaram o desclassificado pardal.

Ele não mais conseguiu se distanciar dela, tentava de todas as formas entrar na gaiola e, ela, sem forças, não conseguia abrir a portinhola para o pardal. Ele, então, tentou tirá-la de lá. Com uma força que ia além de suas asas, conseguiu abrir a gaiola muitas vezes e, em todas, o medo e a insegurança da canarinha, não permitiram que ela saísse.

O pardal não conseguia compreender como ela, que demonstrava sentir o mesmo amor que ele, não aceitava voar com ele, para viver a linda vida que ele lhe prometia. Uma vida de dificuldades, mas, que a dois, seria bem mais fácil viver.

Depois de tantas tentativas, o pardal, castigado e machucado, resolveu deixá-la decidir sozinha. Ele havia tentado de tudo, mas, dali por diante, a decisão de voar teria que partir dela.

Hoje, ele ainda anda por ali, pertinho, numa árvore aconchegante, cheia de frutas, esperando com esperança, que ela consiga decidir voar até ele. Mas,enquanto isso não acontece, ele quer continuar vivendo como antes, livre e irradiando alegria para o mundo. E lá no fundo do coração, a certeza de saber que nunca mais amará outra passarinha na vida.

29/11/2002

Marcelo Bello de Oliveira

Direitos Autorais Reservados®