O Bom Combate

Ficou sabendo pelos jornais que alguém do gabinete teria mesmo de ir a Olhos d’Água para negociar a saída daqueles revoltosos. A situação não era nada tranqüila e, com certeza, haveria muitos desdobramentos negativos para o Governador se o caldeirão fervesse. A imprensa do país estava de olho na questão de Olhos d’Água. Pela primeira vez, na história da construção das hidrelétricas no país, havia um grupo organizado que se recusava a abandonar a região a ser inundada. No princípio, ninguém levou muito a sério. Afinal de contas, cada um iria ganhar casa nova, uma cidade planejada, novinha em folha, a apenas alguns quilômetros da outra, a que seria inundada. Isso não era novidade, já havia acontecido muitas vezes antes na história do país. E o que mais podem querer as pessoas simples? Porém, nunca pensou que seria ele a pessoa indicada para aquela missão. "Me jogaram no olho do furacão", pensou.

Interrompeu as férias – uma semana antes do final - por causa daquele chamado. Tinha planejado uma esticada a Miami, comprar uns bagulhos, mas não ia dar. O chamado era lá de cima, do Governador, na pessoa da chefe de gabinete. Ou apenas Assessora, com A maiúsculo e tudo, como a chamavam.

Chegou à seção naquela segunda-feira com os olhos injetados: quase não havia dormido. Durante a semana, viu fotos da líder dos revoltosos, uma certa Amélia. Tinha olhos maus, lembrou-lhe uma tia-avó, que aterrorizara seus tempos de menino. Os irmãos e primos mais velhos diziam que era feiticeira, bobagens, mas na cabeça de um menino de cinco anos tudo é verdade. De tanto ver matérias sobre o assunto, ela em evidência, voltou àqueles tempos e passou a ter pesadelos. Ela aparecia e, com oníricos efeitos especiais, se fundia com a imagem da tia-avó. Quem fosse lá para negociar, teria de haver-se também com ela. Seria mesmo ele?

Na minha mesa, um bilhete do Lima: “acho que é você. A chefa tá te esperando. Boa sorte. Se você puder me escolher para acompanhar, eu topo” Uma passada no banheiro para acertar a gravata e o penteado e ver se não se espalhou caspa pelos ombros do paletó. Droga, isso não tem xampu que dê jeito. Olhos vermelhos, que feiúra. O que ela há de pensar? Um colírio cairia muito bem, mas esqueci em casa. É tanta preocupação!

Na antessala, já me esperavam. Bom-dia, bons-dias, como vai, como vão, bem, obrigado, as secretárias e telefonistas, alvoroçadas, autorizaram-me logo a entrar na sala da chefa. Parecia que iam me pedir autógrafos. “Ela chegou cedo, está esperando o senhor”, diz uma. Outra, a que dizem gostar de mim, ainda me estendeu a mão, entregou um envelope. O contracheque. “A gratificação saiu”, ainda teve tempo de sussurrar no meu ouvido. Quis agradecer, não deu tempo, foram-me empurrando sala adentro.

A Assessora estava estonteante, a saia ligeiramente abaixo dos joelhos, blusa vermelha sem mangas, o tailleur no cabide de piso, os braços morenos de sol, bem maquiada, vai ver tinha estado na praia... Cordial, bom-dia, dormiu bem, deve estar brincando, não é possível que não veja meu estado, não deve mesmo reparar em mim, pensa. Estou em frangalhos, mas ela não me respeita, olhar firme, mas é tratamento formal e decorado. Quem sabe, um dia – e como espera por ele – há de desmanchar-se comigo. “Acho que já sabe por que o chamei aqui. A questão é a seguinte...".

Em poucos minutos, descreveu e resumiu o quadro, incumbiu-o da missão. Foi direta, objetiva. Seria difícil, ela entendia, mas ele tinha condições de sair-se bem, assegurou. Tinha sido criado no interior, conhecia a gente simples, tinha vivido no meio deles grande parte da vida, tinha jeito pra negociar... E, piscando os olhos, sentenciou: - “Convencer esses teimosos vai te dar uma cadeira na Assembléia“. Estremeceu com o piscar de olhos e já se viu tomando posse na capital, uma festa de sussurros na plateia, depois do seu primeiro discurso na tribuna, ciúmes do sucesso alheio.

E continuou a descrever o contexto onde ele havia de atuar daí a alguns dias, como enviado especial do Governador: há cem pessoas, mais ou menos, em Olhos d’Água, recusando-se terminantemente a sair de lá. Há duas lideranças fortes, faça tudo que precisar. Negocie, ameace, compre. O que temos que fazer é afastar essa gente de lá. Você tem carta branca. A liderança masculina é um tal Bertioga, um mulato pistoleiro, a ficha dele diz que tem, pelo menos, uma morte nas costas, matou um primo, crime passional, o parente tinha um caso com sua mulher... A líder feminina é uma certa Amélia, filha de índios, teimosa como uma besta empacada. Mas não há nada contra ela, infelizmente. Apenas que tem um caso com Bertioga, mas até aí... Se precisar complicar isso, também tem jeito. Vamos ver o que o seu relatório na volta, conforme for, inventamos um triângulo amoroso. E piscou de novo.

O prazo fatal está terminando, as comportas da barragem serão fechadas em um mês, contando do dia de sua chegada. Eles juraram não arredar pé de lá, vão morrer sob as águas. A Assessora continuou objetiva: temos prazo pra negociar até o próximo fim-de-semana, domingo precisamente, para podermos retirar todo mundo que falta e instalá-los em Nova Nogueira, que é o nome que o Governador quer, em homenagem a seu avô. Se não quiserem, a Polícia Militar já está pronta para agir, mas isso seria uma temeridade, enorme perigo, pois poderia haver confronto, perdermos o controle, a imagem do Governador ficar arranhada, a Presidência da República ficaria mais distante. Mas ele não abre mão. Há um compromisso com a hidrelétrica, muito dinheiro envolvido, inclusive estrangeiro, e essa gente, você sabe, não admite frouxidão. Se a gente for mais tolerante do que já fomos, vamos perder o controle de uma vez. O certo é que não dá pra esperar mais. Você vai resolver a parada. Boa-sorte, vá com Deus, não esqueça o celular e leve baterias de sobra. Estaremos vinte e quatro horas no ar. Com você. E terminou com outra piscadela.

Dia da viagem. Tem pouco prazo e muito medo. O táxi aéreo decola da capital de acordo com o cronograma e com o roteiro da Secretaria de Justiça. Vai estudando as instruções que a Assessora lhe passou, o cheiro de seu perfume colado na pasta de trabalho. O Lima vai junto, pálido e curioso como sempre foi, olhando pela janela, lá de cima, os vales e os rios desta castigada terra de montanhas. Durante o vôo, não trocam palavra, ele vai pensando em muita coisa ao mesmo tempo: na missão, com medo; na Assessora, com luxúria. E em outras coisas menos votadas, enquanto o aviãozinho come os céus.

Em Estrela Matutina, aterrissam. É uma capital regional, transpira certo progresso, tem um comércio ativo. Pelo menos há alguns prédios de mais de dez andares (o Lima, preciso, são seis prédios), se é que isso é termômetro de progresso. Não pode deixar de pensar no tio Zé Rodrigues, que anotava cada prédio feito em Divinópolis e Pará de Minas e ia contar aos sobrinhos pequenos, que a nossa Pitangui não valia nada, pois só tinha o Edifício Liliza, de dois andares. Certo que o pé direito era de uns cinco metros, mas não mudava a quantidade dos pisos. Mas isso é outro tempo, outra história.

O Prefeito e as lideranças locais vêm receber no pequeno aeroporto. Há muita apreensão no município. Olhos d’Água é município vizinho, muita gente se mudou para cá, têm medo de a água cobrir não só Olhos d’Água, a velha, como a nova, cujo nome será Nova Nogueira. Há uma certa revolta, porque Estrela Matutina inchou, culpa da hidrelétrica. Ele veio uma vez a Estrela Matutina, faz quatro anos, era muito menos gente e menos carros. Lembra-se do que disse a Assessora: "esses políticos são sabidos, falam igual a caipiras, mas vão lhe pedir coisas para compensar os danos da obra, mas promessas de verdade mesmo só para os rebeldes. Temos de tirá-los de lá. O momento é grave, mas, também, é ano de eleições. E eleição é o que mais importa. Tem que saber andar na corda bamba, e sei que você sabe."

Depois das homenagens oficiais em Estrela Matutina, hora de encarar a estrada. Um destacamento da polícia militar estadual já está esperando em Olhos d'Água. Adeus, civilização, pensa ele. Nada de avião, porque, em uma das ações intimidatórias, os rebeldes tinham estourado o campo de aviação de Nova Nogueira, a nova Olhos d'Água. O pessoal realmente não estava para brincadeiras.

Na volta da viagem de negociações, já temos convite pra jantar com o prefeito de Estrela Matutina e seu supersecretário. Dele, dizem que é um ladrão de marca maior, tem as mãos macias e perfumadas de quem nunca pegou no duro. Conheço essa canalha!... E eu no meio. São cem quilômetros, trinta de terra. A Prefeitura coloca um carro velho a nossa disposição, o Lima vai ter que dirigir, pois nenhum chofer topou ir a Olhos d’Água. Alegam isso ou aquilo, a verdade é que estão com medo. Onde é que fui amarrar minha égua!

Com medo estamos nós também, mas é pegar ou largar. Um repórter de rádio da capital pergunta se pode ir conosco. Seu chofer sumiu. Só que levou o carro também. Claro, aceito a oferta de companhia, é mais um na luta. Pode ser que seja um dado importante ter alguém da imprensa conosco, principalmente repórter de rádio AM, se o circo pegar fogo. O povo ainda ouve muito rádio AM nos grotões.

No caminho, o Lima vai dirigindo e apostando com ele a colocação de músicas na parada de sucessos dos anos 60. O repórter não tem nem trinta anos, mas sabe tudo. Deve ser meio louco. Compacto simples mais vendido em São Paulo em 65? Quero que vá tudo pro inferno, Roberto Carlos. LP? Trini Lopez, La Bamba ... Tem certeza? Não foi Herp Alpert e Tijuana Brass? Não, isso foi em 66. O repórter convida o Lima pra ver, quando voltarem a Belo Horizonte, não só coleções de discos de vinil que tem, mas também 78 rotações. “O senhor também, doutor, pode ir”, me inclui no convite, ao notar que me interessei pelo tema.

Quando se cansam, começam outro desafio, para passar o tempo: escalações de times de futebol. O repórter se sente desafiado e topa: Grêmio de Porto Alegre, 58... Henrique, Aírton e Ortunho... Gessy... Larry... Tem algo errado, penso cá com meus botões. Larry era do Inter, e foi antes de 58... Mas não vou meter o bedelho... Logo depois, extrapolam: Bela Vista de Sete Lagoas, Minas, 59, aquele da malfadada excursão à Europa, quando os empresários deixaram até os jogadores passarem fome... Aí, não. Aí é demais. E tome Náutico do Recife em 61, o Guarani de Campinas em 78... De vez em quando, se me pedem, dou algum palpite pra desempatar, mas nem precisava: eles não me escutam mesmo. Naquele contexto, me sinto o maior dos ignorantes.

Nem notaram a estrada de terra. Em alguns momentos eu me afligia, porque o Lima se distraía do volante e o carro quase saía da estradinha e caía na barranceira. Continuaram o desafio. Pareciam dois amigos de muito tempo. Chegamos cuspindo terra, paramos na Praça da Matriz. Parecia cidade fantasma. Ninguém nas ruas. De repente, Estrela Matutina me pareceu Nova York, de tanta gente. Aquilo ali, então, era Olhos d’Água. Não sei por que, lembrei de Serrinha, a minha terra. Eu não ia aceitar que cobrissem de água a minha terra. Por razão nenhuma. Por dinheiro nenhum. Acho que ficava, acho que resistia.

Era assim como três da tarde. O destacamento policial que iria nos proteger, onde andaria? Deserto tudo. Onde andaria todo mundo? Tinha vindo ali três anos antes, quando começaram as obras da represa, mas desci no campo de aviação e fui direto à obra. Não tinha visto o centro, que era, aliás, toda a cidade. A represa ia ser uma das maiores do estado, e, diziam, seria a solução para uma região que está se desertificando aceleradamente.

A Praça da Matriz era quase um quadrado perfeito, calçada de paralelepípedos apenas no caminho da porta da igreja. No resto, toda coberta com grama nativa, demonstrando que, pelo menos ali, o terreno era bom. A igrejinha tomava o centro. Em volta, quase como uma praça espanhola, casas antigas e três ou quatro sobradões coloniais, lembrança teimosa de um passado mais próspero. Atrás da igreja, a uns duzentos metros, um campinho de futebol com traves de ferro.

Devo ter ficado alguns minutos longe dali, voando no passado, pois nem dei pela sumida do Lima e do repórter, que fui achar num armazém. Entrei pela porta lateral, a da frente tinha empenado com o sol, a umidade, com o tempo, com o descuido. Era tipo cancela, naquela hora, só a metade do lado de baixo aberta. E lá já estavam os dois, tinham pedido uma pinga ao Bertioga, pois era ele quem lá estava. O dono do armazém tinha fugido fazia uns três dias, carregando a mudança e a família: ratos abandonando o navio. Não era um lugar nem momento exato para tomar uma cachaça, mas nem sei por que, também pedi uma dose. Bertioga trouxe uma dupla. Tirou o cabaço, bebi quase tudo, joguei a do santo pela janela da rua. Aquilo desceu queimando a goela, não era da boa, definitivamente. Já bebi pinga melhor.

Bertioga – então aquele era o alvo - me olhou com olhos maus, enquanto sintonizava o radinho de pilha. Gostara dos outros dois que, mesmo antes de beber, já haviam sido conquistados por aquele caipira misterioso. Não gostou de mim. Disse pros outros que eu me parecia com o primo dele, um certo Toninho, que ele tinha matado a machadadas. Tremi. Não estava maduro para o diálogo, principalmente sobre temas dessa natureza. Isso deveria, forçosamente, entrar em meu relatório. Lembrei-me da Assessora e do triângulo amoroso, embora não se ajustasse ao momento. No radinho, tocavam “Pra não dizer que não falei de flores”.

Daí a uns minutos, o Lima me chamou lá fora e perguntou se eu ainda queria mesmo convencer aquele povo a deixar a vila. Que povo, pensei. Mostrou a praça, o cruzeiro no meio, o campo de futebol o verde escuro da relva que, em qualquer época do ano está lá, as grandes mangueiras que pareciam dar o ano todo, o jatobá, as outras árvores cujo nome não sei, mas copadas e protetoras. Em cada um daqueles elementos da paisagem estava um pouco do espírito daquela gente e de seus antepassados. E iam encher de água, por quê?

O Lima já não estava sóbrio, de maneira alguma. Daí a pouco, sai o repórter, dizendo: eu também fico, vou lutar do lado deles. Tem umas dezenas de teimosos aí, estão escondidos no mato, são os que não querem colaborar para a mamata dos poderosos. A represa vai lavar dinheiro sujo. Eu fico, disse ele.

O radinho, a essa hora tocando mais alto ainda, berrava o refrão de “A Praia”, com Agnaldo Rayol. Segundo lugar de compacto simples em 64, lembrou o Lima. De repente, achei mesmo que estava nos anos 60, 70, que eles dois estivessem dizendo que iam entrar pra luta armada, não era a mesma coisa, mas algo me dizia que era a mesma coisa. Que, sim, poderíamos, de alguma forma, ter voltado no tempo, que estávamos nos anos 60 ou 70. Que o contexto era outro, mas o problema era o mesmo.

Bertioga ia nos levar ao esconderijo. O repórter já estava bem mamado, mas parecia que o seu normal era ser assim. Eu disse: nós não podemos, ele disse não importa, o Lima disse eu fico, eu disse eu acho que não. Tinha ficado sem pai nem mãe. E agora?

Bertioga pareceu ter tido um relance de pena de mim. Se você fica, tem lamparina, tem um resto de pão, rapadura e farinha de mandioca, disse. O resto, o Ilídio, o dono do armazém, levou na mudança. Não posso fazer mais nada. A gente estava aqui só pra esperar vocês. Vocês vão ao esconderijo? São só dois quilômetros. Não dá pra ir de carro.

O Lima me deu um adeusinho de bêbado, o repórter ajeitou o equipamento, olhou pra trás e me piscou o olho, estava feliz, à vontade e dentro da notícia. Era só o que lhe interessava, cachorro, eu estava ficando só.

Eu vou, eu vou, me esperem, saí atrás. Alcancei-os logo, estava assustado, o sol tinha quase sumido, na serra se escondendo, tirava emprestado do arco-íris todas as cores para vestir seu fim de tarde. Era triste. Mais triste, vai dizendo o Bertioga, porque a igrejinha já não toca o Ângelus, um disco 78, velho e rachado, que fazia a melancolia e a beleza do fim das tardes de Olhos d’Água. O padre tinha levado a velha vitrola, o disco foi junto, havia seis meses, já estava tocando em Olhos d’Água, a Nova. As tardes silenciosas de Olhos d’Água, sem o Ângelus, me pareceram ter sido insuportáveis desde todo o sempre. O sempre, no caso, eram só seis meses.

No caminho, fui pensando que o destino tinha nos atropelado, que estávamos entrando em um turbilhão, um torvelinho, que deveria ser tão monumental como quando as águas fossem sendo represadas e inundassem inexoravelmente toda a região de Olhos d’Água, pois nem só do abismo das águas se afastam os homens, mas também do abismo de seus sonhos quando os veem chegando bem perto, enormes carrancas assustadoras, porque, se são sua sombra, se lhes dão medo e são sua fraqueza, são também sua única fortaleza, sua maneira de ser feliz, de cumprir seu destino.

A dúvida me atordoou. Numa curva da estrada, diminuí o passo, eles nem notaram, continuaram caminhando, trôpegos, pra lá e pra cá, como rastro de cobra n'água, conversando, agora, sobre o futuro – mas que futuro? Voltei. O carro, de alguma maneira, ainda estava lá, com a chave na ignição, como em qualquer filme americano. Me esperava, faltava só falar isso. Peguei a estrada de volta para Estrela Matutina, o coração sombrio, dividido, afinal, estava perdendo dos dois lados. Por um, perdia o cargo de confiança, o padrão de vida ia abaixar, aí, sim, já que estava voltando cedo, de mãos vazias, sem ter cumprido a missão que me confiaram. Aí, sim, que a Assessora nunca mais ia olhar pra mim e adeus chances de um dia ser deputado. Para consertar esta parte e resgatar meus anseios materiais, só se encontrasse apoio de verdade em Estrela Matutina.

Por outro lado, não tive a coragem de encarar aquele bom combate, ficando do lado dos rebeldes. Metade de mim tinha seguido com eles para o esconderijo, para a resistência, resistir ao irresistível, mas era só a metade. Em cima do muro, estava, talvez, renegando meu destino. Como consolo, restava a certeza de que ia continuar vivendo, sempre iria haver uma ilusão qualquer para ajudar um homem a continuar caminhando na estrada sem graça de uma existência sem sonhos.

William Santiago
Enviado por William Santiago em 10/05/2017
Reeditado em 11/05/2017
Código do texto: T5995129
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