DURA LIÇÃO

É mais uma noite de aula na faculdade de administração onde encontramos um esforçado jovem que atende pelo nome de Luiz Carlos. Lutando contra o cansaço e contrariando os olhos que teimavam em fechar, Luiz prestava atenção às lições do docente e tomava notas importantes a respeito da teoria que era ensinada.

Depois da aula, corria para apanhar o último trem que o deixaria na estação final, onde, ainda apanharia um ônibus para, em cerca de 30 minutos, chegar à sua residência, totalizando quase 1 hora e meia de trajeto.

Chegando em casa, arrumava as coisas para o dia seguinte, quando se levantaria junto com o sol para ir trabalhar no centro da cidade vizinha a sua. Depois do expediente, seguia direto para a faculdade.

Trabalhava de segunda a sexta e, ainda, fazia horas extras aos sábados e alguns domingos para ter a quantia necessária para bancar a faculdade e auxiliar os pais em casa, Dona Miriam, faxineira, e seu Antônio, gari da cidade onde residia.

O trabalho continha tantas demandas que a única brecha que tinha para estudar ou ler algum artigo era no almoço, quando livro e prato dividiam espaço na mesma mesa.

No domingo, enquanto tantos aproveitavam o lazer, ele aproveitava para se dedicar aos estudos.

Existência dura tinha o nosso irmão Luiz Carlos, mas, nem sempre foi assim.

Esse nosso irmão, em existência pretérita, quando atendia pelo nome de Rogério, teve a benesse de habitar rica casa, sustentada por família com ótimo conforto financeiro.

Teve a oportunidade de estudar nas melhores escolas, mas, já na adolescência, apresentou predileção à vida sem responsabilidades, tornando-se um adulto dedicado à vida fácil, motivada pela ausência de cobrança dos pais.

Viveu sem ofício algum, pois, afinal, para que ofício se a fortuna da família era farta?

Isso se seguiu até o dia do seu trágico desencarne em acidente automobilístico, quando conduzia, de forma inconsequente, um dos caríssimos e possantes carros dados pelo seu pai.

Durante o tempo do outro lado da vida, percebeu o quanto jogou fora por conta da dedicação ao ócio.

Para aprender as lições necessárias, Rogério compromete-se, como Luiz Carlos, a conduzir a sua vida de forma totalmente contrária à tomada no passado, porém sem contar com as facilidades de outrora.

André Luiz Gadelha
Enviado por André Luiz Gadelha em 31/05/2017
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