Beleléu

O Beleléu instalara-se há muito tempo naquela casa.

Não fora uma escolha ao acaso. Identificara-se com aquela família. E com o passar dos anos a convivência serviu apenas para estreitar os laços entre eles. Era sempre lembrado e partilhava dos bens comuns. No começo era com o pai que tinha uma relação mais chegada. Quase um caso de amor. A mãe achava até bonitinha aquela amizade. Era motivo de piada na família. Rendia longas risadas. Mas com o tempo e o nascimento dos filhos a mãe perdera um pouco da paciência, e achou que Beleléu deixou de ser engraçado. Os filhos, um casal, vieram para fortalecer aquela feliz união, onde Beleléu desfrutava ilimitadamente de tudo, material escolar, meias, livros, roupas, fotos e ás vezes até itens de higiene pessoal.

Com o tempo e o passar dos anos porém, Beleléu começou a ficar desnorteado, sentia-se usado e mal julgado. De repente depois de uma relação satisfatória tornara-se refém daquela família. Era constantemente culpado por tudo e tinha que arcar com as consequências. Verdadeiro caso de injustiça.

Estava cansado.

A gota d’água foi, quando certa tarde de folguedo marido e mulher brigaram por causa do último pedaço de pizza.

- Onde foi parar a última fatia? Eu deixei aqui.

- E eu sei?

- Não pode ter sumido!

- Ah! Deve ter ido para o Beleléu!

Definitivamente era o fim. Podia levar a culpa por tudo, mas aquilo já era demais!!!

Tânia Mara Paula
Enviado por Tânia Mara Paula em 21/06/2017
Reeditado em 26/12/2017
Código do texto: T6033656
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