Vida no campo

Morava ali, na doce paz campo, em uma pequena casinha feita de tijolos, sem reboco, sem pintura, mas mesmo assim, bonita e simples. Havia todos os cômodos essenciais de uma casa, tudo bem pequeno e simples. Em todas as partes havia janelas para manter a casa bem iluminada e bem ventilada. Não precisava mais que aquilo para ser feliz, bastava viver ali, na simplicidade do campo. Não havia buzinas, nem fumaça de automóveis poluindo o ar; mas uma pura brisa que batia nas folhas das árvores, que corria pela casa. Só o silêncio dominava.

Acordava cedo, todos os dias, às cinco horas da manhã, antes mesmo do sol nascer. Quando o sol nascia por detrás do morro, já estava tomando seu café quentinho, na cadeira, próximo a simples mesa de madeira, redonda e pequena, que ficava na cozinha perto da janela. Comia um pãozinho quentinho, que fazia no forno à lenha, e tomava seu cafezinho, que coava bem cedinho todos os dias, para se fortalecer, pois teria um dia cheio.

Saía para trabalhar sob a luz do dia. Próximo à casa, aos fundos, havia um terreno bem grande no qual plantara um pouco de feijão. Molhava todos os dias e quando necessário, fazia a capina. Quando produzissem grãos, colheria para vender na feira, porém também, usaria para a sua própria alimentação, como numa farofa de feijão.

Em frente à casa, havia uma bela dama-da-noite, árvore que ficava totalmente florida na primavera e no verão. Cobria-se de flores brancas, que quando caiam, cobriam o chão. Suas folhas eram bem verdes, brilhantes e suas inflorescências não eram exatamente brancas, mas de uma coloração creme-esverdeada. Suas flores eram muito perfumadas, tinham um aroma intenso, principalmente à noite, que podia ser sentido a longas distâncias. É a árvore que possui as flores mais cheirosas e perfumadas, que atraíam borboletas, beija-flores e abelhas. Naquela época estava bem florida, pois ainda era verão. Era belíssima, porque o solo era muito fértil.

Ao lado da casa, havia uma única videira, que ainda não possuía frutos; entretanto essa época não tardaria, pois o outono já estava próximo. Todos os dias a molhava. A videira era grande, com enormes folhas, bem verdes e brilhantes. Quando frutificava, seus cachos possuíam enormes uvas, muito escuras, chegando a ser pretas e brilhantes, com um sabor intensamente adocicado, tão doces como o próprio mel. Quando era época de colheita, colocava os cachos em grandes cestas e os vendia na feira, porque sempre davam muitas uvas. Mas sempre deixava algumas para si, para provar do seu doce sabor.

Em volta da casa, havia uma cerca que a rodeava. Tudo próximo à casa, ficava dentro do cercadinho, que tinha o formato de um grande retângulo. Nas proximidades da cerca, haviam alguns arbustos de amoreiras. Ambos ficavam repletos de grandes amoras, na estação do outono, que quando amadureciam, ficavam muito escuras e muito doces. Na época de colheita das amoras, sempre enchia um grande cesto.

Às vezes, quando terminava seus afazeres, saia para caminhar um pouco pelas estradas de terra. Em uma dessas estradas, ao lado, havia várias árvores frutíferas, como macieiras, com grandes frutos avermelhados, brilhantes e açucarados. Subia um morrinho e chegava a um lindo lugar, com um verde capim que forrava todo o chão e um grande ipê rosa, que de tão grande, fazia uma enorme sombra. Ficava quase sempre florido, coberto por flores rosas, que quando caiam cobriam o chão, enfeitando-o. Se sentava ali e ficava durante um bom tempo, sobre as lindas e detalhadas flores caídas do ipê.

O céu estava aberto, quase não se viam nuvens e o sol brilhava intensamente, pois ainda era verão. Não muito longe dali, havia um pequeno riacho, no qual se banhava todas as tardes. Sua água era pura e cristalina, tão cristalina que não se viam quaisquer indícios de poluição, com uma imensa transparência. Havia ali, pequenas cascatas que caiam, tornavam o riacho de água transparente ainda mais belo. Depois de se banhar naquela água límpida e cristalina, voltava para casa. Estava anoitecendo sempre que chegava.

Quando era noite, já tinha feito a janta. Jantava uma farofa de feijão e carne seca com arroz, com uma saladinha de alface e tomate, e um delicioso suco que fazia com uvas de sua videira. Comia e se aprontava para dormir. Arrumava a cama com um lençol e um travesseiro, deixava a janela do quarto aberta, para que a brisa entrasse e refrescasse. Olhava pela janela o céu daquela noite; tão cedo, já estava repleto de estrelas brilhantes, que iluminavam e enfeitavam o negro céu da noite. Se deitava às oito horas, para acordar cedo no dia seguinte. Dormia, com Deus e os anjos, com a certeza de que amanhã seria um novo dia.

Ananda Anjos
Enviado por Ananda Anjos em 07/07/2017
Código do texto: T6048523
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