Entrevistei um Traficante de Cocaina

Consegui com muito custo entrevistar um traficante de cocaína, daqueles barra pesada mesmo, localizado na favela do Sumaré ao lado do Shopping Del Rey em Belo Horizonte.

Ao chegar no pé do morro, fui recebido e escoltado por três homens armados até os dentes, e num era qualquer revolver não, tudo pistola automática. Em meio a becos e vielas fui parar no centro da favela.

Me deparei com uma casa que se destacava entre outros barracos pelo seu acabamento e pintura. Ali era o QG de Hudson Henrique vulgo “Vírus” o codinome usado pelo chefe do tráfico de drogas da favela do Sumaré.

Uma casa cercada de uma dezena de bandidos armados e em seu interior mais uma dezena espalhados pelos cômodos da casa. Fui conduzido para a sala central da casa, eu e o fotografo fomos bem acomodados em um sofá muito confortável que fazia o contorno em toda a sala em forma de ferradura, no centro uma mesa de vidro média abarrotada de cocaína, exalando um cheiro adocicado e forte, fiquei assustado mas não incomodado.

Após dez minutos sentado o chefão chega escoltado por dois bandidos, senta a minha frente, cumprimenta eu e o fotografo com um forte aperto de mão, que por sinal recheada de anéis e correntes que pareciam ser ouro.

A imagem de um dos chefões do tráfico de drogas da imensa favela do Sumaré não assusta, mas não me deixo enganar pois dizem que o bicho é ruim e mata inimigos na covardia. Montado o cenário apresento um resumo dos principais pontos da entrevista.

Eu: Você tem idéia do quanto dinheiro que ganha em um mês?

Virus: É muita nota de menor valor, fica até difícil de contar, vai chegando dinheiro e vou pagando o que tem de pagar, nunca quis saber o quanto entra, só tenho que olhar pro esconderijo e ver abarrotado de dinheiro, pra mim isso basta.

Eu: Não tem medo de ser roubado pelos seus comparsas?

Virus: Converso muito com a bandidagem, se eu pegar me roubando corto as duas mãos e as duas pernas em seguida boto fogo.

Eu: Qual foi a tortura mais violenta que você aplicou?

Virus: Uma vez saiu um boato na favela que havia um cheroline (Quem cheira cocaína) dizendo que ia me matar, mandei os meninos buscarem ele, quando ele entrou de cara não fui com a cara dele, perguntei a ele sobre a questão de querer me matar e nada respondeu, quem cala consenti, joguei o filhodaputa dentro de uma fossa com bosta pela metade, quando ele caiu afundou até o pescoço, peguei pedras grandes e comecei a soltar nele, acho que na terceira que acertou sua cabeça já deu fim, isso tem uns três anos e o corpo não sei se mandaram tirar.

Eu: Como você gasta todo este dinheiro?

Virus: As despesas são altas, armamento, produto, bandidagem e o mais caro é paga polícia pra deixar a favela em paz, mas sempre sobra pra gasta, o povo cheira muito, entra muito dinheiro.

Eu: Em que você acredita?

Virus: Primeiramente em Deus se estou nesta vida é por que ele permite então que me proteja, em segundo em mim mesmo.

Eu: Você se considera perigoso?

Virus: Não me considero perigoso, sou justo e aplico a justiça quando deve ser aplicada, é só não atravessar meu caminho e ta tudo bem.

Eu: Que recado você daria as pessoas que compram cocaína?

Virus: Cheirem cocaína mas não cheirem a consciência.

Eu: Pretende parar algum dia?

Virus: Nunca, é muito dinheiro, muito poder, enquanto tive gente pra cheirar estarei aqui pra vender.

Eu: Um ultimo recado?

Tamo em promoção, cada cinco pinos comprado ganha um rsrsrs.

Encerrei a entrevista abismado com o que vi, muita droga, muita arma, muita mulher bonita em meio a bandidagem, fruto de um estado imcopetente que não consegue cuidar do cidadão comum. Quer receber fotos da entrevista? Deixe seu recado e e-mail.

Abraço a todos e até a proxima.