AS AMORAS DO HASSAN

AS AMORAS DO HASSAN

Hassan Ali era um velhinho desprendido. Usava quase que sempre

a mesma calça, e a mesma camisa. Gostava de amendoin. Como era de idade, não pagava trens ( naquela época havia trens longa distância). Sentava-se num banco, tirava de sua sacolinha

a Bíblia, o Alcorão, ou Baghavad Gita e ia conversando com o passageiro do lado. Até o Final da linha. Na volta

era a mesma coisa. Dizia que a vida não é uma luta sem sentido, ou uma selva de feras que brigam pôr dinheiro. Ensinava que a vida é Felicidade, contínua celebração crística, é um canto de paz que reinicia, e reiniciará amanha, com cada novo sol. Com cada LUZ.

Um dia ele pegou um trem que pernoitaria na ultima estação. Ficou pela plataforma. E como havia um pé de amora, foi comendo as frutas. O guarda desconfiou.

Prendeu Hassan Ali. Na delegacia, vazia, ele mostrou ao delegado de plantão os documentos indús e brasileiros. E ficou conversando com o delegado, até o amanhecer.

Quando amanheceu o delegado disse;

_- Mas, eu sou um livre pensador!

-- Então o único preso aqui sou eu. - respondeu Hassan Ali

- Voce nunca esteve preso. E' livre. Pode partir quando quiser - respondeu o delegado.

_ Então viva a Liberdade! - Disse Hassan Ali,

No patio foi apanhar amoras. Correu a tempo de pegar o primeiro trem que partia.

CONTO: DON ANTONIO MARAGNO LACERDA

Prêmio UNESCO/jornal/poemas

www.jornaldosmunicipios.go.to

jornaldosmunicipios@ig.com.br

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DON ANTONIO MARAGNO LACERDA
Enviado por DON ANTONIO MARAGNO LACERDA em 22/10/2005
Código do texto: T62044