Desdém

Ele, em casa no domingo a tarde. Dois amigos. Sofá. Cerveja. O grande jogo acontecia, aquele que iria definir os rumos do campeonato. Ele esquecera dela, pelo menos até o fim do jogo. O jogo é nervoso, faz muito sol, jogadores passam mal. Um engraçadinho tenta invadir o campo. A policia entra em ação. A televisão mostra alguns pássaros pousados no meio do campo. O jogo está tenso. GOL. Gritos altos e palavrões poluem os ouvidos de quem está próximo. Fogos. Ele, comemora fervorosamente. Fim de jogo. Ele, contente com a vitória do time, liga pra ela. O telefone tocou 12 vezes. Ninguém atende.

Ela, no shopping no domingo a tarde. Amigas. Cigarro. Garoto. Beijos e mãos pra lá e pra cá na praça de alimentação, talvez um cinema. Por enquanto aqueles beijos de um garoto que ela provavelmente não sabe nem o nome estavam bons. Melhores do que ela esperava. Um convite, “cinema”.”Não”. “Talvez amanhã?!”. “Quem sabe...”. A tarde chegava ao fim. Passeando de mãos dadas, por uma loja de departamentos, ela viu que o jogo acabara de chegar ao fim. “Preciso ir, o jogo acabou”. E com um molhado beijo de língua na despedida, ela foi pra casa. Enquanto isso, na casa dela, o telefone toca 12 vezes. Ninguém atende.

Solid
Enviado por Solid em 24/10/2005
Código do texto: T62816